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Tragédia do homem e da mulher contemporâneos, inspirada em Pasolini, estreia-se em Viseu

Uma tragédia do homem e da mulher contemporâneos, no sentido poético, filosófico e político, que reflete as inquietações presentes na carreira de Pier Paolo Pasolini, estreia-se no palco do Teatro Viriato, em Viseu, esta sexta-feira.

“Orgia” é o nome da peça encenada por Nuno M Cardoso, que conta com interpretação de Albano Jerónimo, Beatriz Batarda e Mariana Leonardo, e que assinala o centenário de Pier Paolo Pasolini.

“Desengane-se quem for tentar assistir a um drama burguês. É uma tragédia do ser humano contemporâneo”, avançou Nuno M Cardoso à agência Lusa.

O confronto do indivíduo com a norma e com o que é imposto socialmente é uma das inquietações em palco.

Segundo o encenador, é abordado “o confronto do indivíduo consigo próprio e com a consciência que tem de si e a formatação que cada um faz pelas expectativas externas, que são impostas muitas das vezes sem respeito pela diferença e pela singularidade de cada um”.

Num espetáculo marcado pela crise da sociedade contemporânea, há lugar à reflexão sobre “o consumo das massas, a cultura massificada, a industrialização da própria criação, da arte e da cultura, e o confronto com o consumismo e o capitalismo”.

“A perda do sagrado, do que é realmente importante, e a massificação e a destruição do natural e do individual, ou seja, a desumanização do indivíduo”, acrescentou.

Nuno M Cardoso lembrou que, na Grécia antiga, “orgia tinha um caráter mais religioso, de transformação, do que propriamente a questão mais carnal, de bacanal”.

“A orgia é a reunião de um grupo de iniciados para uma transformação, que pode ou não passar pelo corpo. E Pasolini traz muito forte esta relação com o sagrado e a religião”, frisou.

O encenador adiantou que, no espetáculo, não haverá “algo de pornográfico e de exploração de algo que é exposto no sentido mais hediondo, mais descarado e mais descarnado”.

“Mas há, sem dúvida alguma, uma tentativa de provocação e de escandalização”, explicou, acrescentando que “Pasolini era muitas vezes referenciado como escandaloso nos seus trabalhos”.

Depois da estreia em Viseu, o espetáculo segue para Guimarães (26 e 27 de março), Lisboa (07, 08 e 09 de abril) e Matosinhos (18 de maio).

 

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