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Reflexão sobre direito ao esquecimento no palco do Teatro Viriato em Viseu

Uma reflexão sobre o direito ao esquecimento e o que se deve “desenterrar” ou deixar esquecido, é o que propõe a nova criação coletiva do Teatro da Cidade, que estreia sábado, no Teatro Viriato, em Viseu.

Escrito por Guilherme Gomes a partir de conversas e ideias de todos os intérpretes, o espetáculo “Esquecimento” partiu deste direito que está presente na Nova Carta dos Direitos Humanos na Era Digital.

“Gostava que o público questionasse: que relação é que temos com a memória? Como é que contamos que uma coisa aconteceu? E até que ponto é que estamos dispostos a desenterrar os problemas, a enfrentá-los e a fazer com que eles também sejam parte da história que contamos do mundo?”, afirmou Guilherme Gomes à agência Lusa.

Segundo o dramaturgo, que é natural de Viseu, o Teatro da Cidade cruzou-se há alguns anos com o conceito do direito ao esquecimento e desenvolveu um projeto em três fases, que inclui um filme (com estreia marcada para este ano), um livro (lançado hoje no Teatro Viriato) e o espetáculo “Esquecimento”.

“O livro e o filme permitem uma relação com a memória que é mais resistente, permitem-nos materializar as coisas. O espetáculo há-de perder-se na memória das pessoas”, considerou.

A arqueologia é usada metaforicamente durante o espetáculo, que coloca em palco Guilherme Gomes, Bernardo Souto, João Reixa, Nídia Roque e Rita Cabaço.

“A arqueóloga, quando estuda, está a estudar matéria que constitui memória coletiva. E talvez, na compreensão da memória coletiva, também nos consigamos rever na relação que temos com a nossa memória pessoal ou com a memória de outros elementos”, explicou Guilherme Gomes.

Os conflitos individuais vão surgir num sítio de escavação onde arqueólogos e um trabalhador indiferenciado seguem os passos de cadernos antigos que prometem uma grande descoberta.

João Reixa interpreta o trabalhador indiferenciado, que é ajudante de escavação, carrega caixas e ajuda em tudo o que for preciso.

“É um trabalhador indiferenciado mas que, na realidade, tentamos que represente a humanidade, de uma forma muito digna. Há a incompreensão de uma coisa que vê, mas da qual não quer falar e então prefere esconder”, explicou João Reixa à Lusa.

Segundo o ator, a intenção é que o seu personagem transmita “uma espécie de cobardia assumida: se calhar não é preciso saber coisas que não compreendemos, estamos todos muito bem no nosso cantinho”.

“O facto de termos contactado com a ideia do direito ao esquecimento levantou a pergunta ética se temos o direito de manipular a memória”, assumindo que algo deve ser esquecido, contou Guilherme Gomes.

O espetáculo “Esquecimento” é apoiado pelo programa municipal Eixo Cultura.

 

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