O comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viseu disse à agência Lusa que o dispositivo de combate a incêndios se mantém idêntico ao de 2020 para a época mais crítica do verão e apelou à responsabilidade civil.
“Para o maior nível de empenhamento, entre 01 de julho e 30 de setembro, contamos com 838 operacionais das várias entidades, embora a maior expressão esteja assente nos corpos de bombeiros, com um total de 467 efetivos distribuídos por dezenas de equipas”, precisou Miguel Ângelo David.
O efetivo de bombeiros distribui-se por 32 equipas de intervenção permanente, mais 72 no dispositivo e “ainda mais duas de combate, uma organizada mais a norte e outra localizada mais a sul do distrito”.
“Contamos com 41 equipas de sapadores florestais, do ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] e uma máquina de rasto, à semelhança da Afocelca [entidade privada], que também uma máquina de rasto e duas equipas constituídas por 10 elementos”, enumerou.
O distrito conta ainda com “cinco máquinas de rasto de serviços municipais de proteção civil, uma base de apoio logístico, em Mangualde, e 16 autocarros para apoio a rendição de equipas”, assim como uma equipa de avaliação e reconhecimento da situação e o empenhamento da força distrital de proteção civil”.
Miguel Ângelo David realçou à agência Lusa que “por mais robusto que seja o dispositivo e maior conforto que possa transmitir a todas as forças, é importante perceber que tem limites” e, por isso, “o cidadão tem de ser um verdadeiro agente de proteção civil, sobretudo na utilização responsável do fogo”.
“O nosso problema continua a ser o número de ignições. Os comportamentos negligentes e dolosos continuam a ser a base de tudo, porque têm uma expressão muito grande”, apontou, enquanto adiantou que o distrito registou, desde o início do ano, 229 incêndios.
“O uso de fogo indevido, gestão de pasto e queimadas de sobrantes representam 70 e muito por cento do universo de incêndios e 09% de incendiarismo, ou seja, crime”, alertou.
Desde terça-feira está em Viseu um avião de avaliação e de reconhecimento, “que pode atuar em qualquer distrito” e que se junta ao dispositivo anual existente nos dois centros de meios aéreos (CMA) – Viseu e Santa Comba Dão – que têm, no total, dois helicópteros e dois aviões anfíbios médios.
“Este avião de avaliação e reconhecimento tem tecnologia e elementos da força especial de proteção civil a bordo para podermos ter imagem, em tempo real, seja térmicas dos incêndios, seja para ver o incêndio em tempo real, um apoio às tomadas de decisão”, explicou.
Segundo contou, este sistema de imagens “já funcionou no ano passado, mas a plataforma tem vindo a sofrer evolução” e, neste momento, “é possível partilhar na plataforma, que funciona no computador, mas também em telemóvel ou ‘tablet’, imagens em que todos os elementos têm acesso”.
“Da mesma forma que um helicóptero faz uma fotografia da cabeça, do flanco e da causa do incêndio e fica disponível de imediato para toda a proteção civil, o que é bom para termos uma noção da realidade e apoio na decisão, também um bombeiro com acesso à plataforma pode enviar fotografias ou georreferenciar determinados pontos”, explicou.
O distrito contará com 20 postos de vigia, sendo que seis abriram no dia 07 de maio e, este ano, três deles estão munidos de videovigilância, num projeto desenvolvido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões e que “são uma mais-valia” para o dispositivo.
Em Viseu, e fora dos números do distrito e do comando de Miguel Ângelo David, explicou, “está também uma companhia de ataque ampliado, expandido, da GNR, com 54 militares e 10 veículos, que estará sediada no comando territorial de Viseu”.
É uma equipa que integra um grupo nacional, que tem formação sediada também em Aveiro, Loulé e Mirandela, num total de 194 militares da GNR e que podem operar onde forem necessárias.
No distrito há 530 camas distribuídas para a eventual necessidade de acolher pessoas temporariamente, onde estão incluídas as existentes no pavilhão do Fontelo, na cidade de Viseu, que já serviu de “hospital de campanha” no pico da pandemia de covid-19.
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