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Alunos de comunicação em Viseu criam manual de boas maneiras nas redes sociais

Os alunos do curso de Comunicação do Instituto Politécnico de Viseu criaram um manual multimédia de boas maneiras nas redes sociais, em resposta a um desafio da professora de Estratégias de Comunicação para as Redes Sociais.

“A professora lançou este desafio que, para além de ser um item da disciplina, foi também uma forma de nos alertar para o lado negro das redes sociais”, contou à agência Lusa a aluna Joana Rocha.

O manual multimédia de boas maneiras nas redes sociais “Não comentes com a boca cheia” foi inspirado na regra de boa educação de “não fales com a boca cheia” e é “uma compilação de 23 vídeos ou fotografias feitas por cada aluno” do curso.

Isto porque “se à mesa tem de haver bons modos e regras de boa educação e toda a gente sabe isso, então porque é que nas redes sociais não há e parece que as pessoas se esquecem disso e que tudo é permitido, quando na realidade não devia ser”.

“Sentimos que as redes sociais são um ambiente agressivo, hostil, e, sem querer tirar a liberdade de ninguém, são apenas conselhos do que se deve, ou não, fazer e escrever nas redes sociais”, esclareceu.

Joana Rodrigues contou que “cada aluno tinha um ponto de reflexão para trabalhar, fosse uma publicação ou um comentário com base, por exemplo, no género, na raça ou na cor, para criar um vídeo ou um trabalho multimédia de forma a dar um conselho” sobre o que foi publicado.

“No meu caso, peguei num comentário que me diz muito, porque ouço sempre e fere-me: és muito bonita, mas és tão magrinha, tens de comer mais. Explorei isto com um teatrinho através do qual alerto que as pessoas tendem a concentrarem-se mais no lado negativo das publicações e no gosto de tocarem nas feridas, em vez de se focarem no lado positivo e bonito”.

A conta no Instagram, criada pela turma “há uns dias, tem já algumas reações e partilhas, essencialmente feitas pelos amigos” de cada um dos alunos e, também eles, “partilham com alertas para os comentários menos bonitos de forma a sensibilizar” os internautas.

Este manual era um item de avaliação da disciplina Estratégias de Comunicação para as Redes Sociais, da docente e jornalista Liliana Carona, que lançou o desafio à turma, “depois de um debate teórico com base em estudos sobre benefícios e perigos” das redes sociais.

“Também estou envolvida em alguns estudos relacionados com a violência ‘online’, na Universidade de Coimbra, e percebi que a tem aumentado, aumentou exponencialmente na pandemia e as camadas mais jovens são muito afetadas e têm de estar despertas para esta realidade”, justificou Liliana Carona.

A docente defendeu à agência Lusa que esta temática “deveria fazer parte de outras disciplinas da comunicação, porque está em causa um contributo para a paz no mundo, porque as redes sociais são, neste momento, o palco onde se espoletam os maiores ódios”.

“Temos de tentar inverter este discurso. Calma, vamos ter a mesma visão que temos perante uma linha de comboio. Parar, escutar e olhar, antes de atacar, porque a primeira tendência quando olhamos para uma fotografia nas redes é procurar o defeito dela”, disse.

Liliana Carona contou que, perante o desafio feito na turma, “a primeira pergunta que foi feita por um aluno, foi se não tinham a liberdade de escreverem o que quisessem” e, “mesmo aceitando o desafio, perguntaram se isto era um problema”.

“Isto também nos obriga a refletir que esta violência ‘online’ já está de tal forma enraizada e tida como normal que é muito difícil dar a volta e, portanto, é urgente este debate, porque está dado como garantido e não é, nem pode ser”, assumiu a professora.

Neste sentido, Liliana Carona já lançou “novos desafios para reflexão” e, com isso, “obrigar os alunos a dinamizarem a página” da rede social e, o próximo passo, passa pela “realização de um encontro de ‘influencers’” da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV).

“Já tenho alunos do primeiro e segundo ano a abraçarem este futuro profissional de produtores de influências na internet e, como sabemos, já é uma profissão e, por isso, vamos criar este encontro para debater esta questão da violência com o objetivo de não ficar por aqui”, desejou.

Lusa

 

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