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Petição contra Museu Salazar entregue hoje no parlamento

Uma petição contra a construção do Museu Salazar, iniciada pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e assinada por cerca de 11 mil cidadãos, foi hoje entregue na Assembleia da República.

Alguns membros da direção da URAP, juntamente com outros subscritores da petição, foram hoje recebidos pelo vice-presidente da Assembleia da República António Filipe (PCP), no âmbito da entrega da petição que rejeita a construção do Museu Salazar, em Santa Comba Dão.

No ano passado, a Câmara de Santa Comba Dão, no distrito de Viseu, fez um anúncio relativo à requalificação da Escola Cantina Salazar, com o objetivo de aí instalar o Centro Interpretativo do Estado Novo.

A petição solicita à Assembleia da República que tome medidas que impeçam a sua concretização “ao abrigo do preâmbulo e o n.º 4 do artigo 46.º da Constituição, que proíbe as organizações que perfilhem a ideologia fascista”.

Marília Villaverde Cabral, coordenadora da URAP, disse à Lusa que a associação vê com “grande preocupação” a construção do museu, considerando que este “não tem lugar num Portugal democrático”.

A coordenadora sublinhou que a URAP não se posiciona contra a construção de museus pedagógicos, incentivando todas as iniciativas que tentem explicar “o que foi o fascismo e também o que foi a resistência”.

“O que nos parece muito errado é que se faça na terra do Salazar”, argumentou, antecipando que o museu possa vir a ser “um local de romagem dos saudosistas do passado, um lugar de culto”.

Para a URAP, a criação deste museu iria “materializar um pólo de saudosismo fascista e de revivalismo do regime ilegal e opressor derrubado em 25 de Abril de 1974 e não seria um fator de desenvolvimento do concelho nem uma instituição de carácter científico, mas sim uma organização centrada na propaganda do regime corporativo-fascista do Estado Novo e do ditador Salazar”, acrescenta o comunicado.

António Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, uma freguesia do concelho de Santa Comba Dão, mas a criação de um espaço dedicado àquele período da história portuguesa não tem sido pacífica ao longo dos anos.

Segundo o Regimento da Assembleia da República, depois de passar pelo gabinete do Presidente do parlamento e verificados os requisitos formais para a sua admissão, a petição baixará à comissão parlamentar competente.

Ouvidos os peticionários, a comissão elaborará um relatório sobre o texto passando depois a debate no plenário.

 

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