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Covid-19: Vitivinícolas do Dão com “casos gravíssimos de liquidez”

Arlindo Cunha explicou que “os mercados estão todos parados e pararam de forma dramática”, como é o caso do mercado internacional, uma vez que o setor vinícola exporta cerca de 45% dos vinhos certificados, principalmente para os EUA, Brasil, Canadá e China, e isto “é um rombo enorme nas vendas”

O presidente da Comissão Vitivinícola da Região do Dão (CVRD) diz que há empresas com “casos gravíssimos de liquidez”, uma vez que os mercados nacionais e internacionais estão parados. “Aqui no Dão, e para as empresas em geral, há casos gravíssimos de liquidez, casos que conheço e é nesse sentido que defendo que o Governo tem de recapitalizar as linhas que criou, porque já não dão resposta, já estão esgotadas, como é o caso da linha Capitalizar”, explicou à agência Lusa Arlindo Cunha.

Segundo este responsável, os empresários maiores da região “são pequenos à escala nacional e muito pequenos à escala internacional e, regra geral, são produtores e engarrafadores, no segmento dos 10/50 mil hectares, que têm marcas próprias no mercado. “Esses é que têm as vendas completamente bloqueadas e, portanto, precisam muito não só de liquidez como também de medidas de flexibilidade como as do ‘lay-off’ aplicado aos sócios gerentes”, defendeu.

Este mercado nacional, explicou o presidente da CVRD, é aquele “a que se chama o canal HoReCa, que são onde estão estes produtores “dos vinhos ‘premium’, ou seja, acima dos cinco euros”. Arlindo Cunha explicou que “os mercados estão todos parados e pararam de forma dramática”, como é o caso do mercado internacional, uma vez que o setor vinícola exporta cerca de 45% dos vinhos certificados, principalmente para os EUA, Brasil, Canadá e China, e isto “é um rombo enorme nas vendas” do vinho.

“Agora, começa a haver alguma coisa a pensar-se na China, mas ainda é muito pouco. Ainda por cima a componente do mercado externo é a componente mais bem paga, com os vinhos de preço médio e alto”, contou.

O canal onde as descidas “não foram abruptas” foi nos “vinhos de mais baixo preço, sobretudo em boxes, embora também alguns engarrafados, que se continuam a vender, ainda que a um ritmo mais baixo, através das grandes superfícies”.

Esta paragem no mercado, por causa da pandemia da covid-19, tem, no entender de Arlindo Cunha, “uma questão de fundo” num futuro próximo, uma vez que “se o mercado não escoa há ainda os ‘stocks’ da última campanha, de outubro, nas cubas, uma vez que a grande parte não vai para o mercado”. “Estamos a quatro meses da próxima vindima e isto vai implicar uma depressão brutal nos preços de vinho”, alertou.

A medida que Arlindo Cunha entende como a “mais necessária e urgente é uma de intervenção preventiva” e, neste sentido, defende que o Governo devia “comprar vinho a quem o tem para destilar para o mercado do álcool, com um preço mínimo de garantia para os produtores”.

“Essa operação tem de ser, obviamente, negociada no quadro da União Europeia, até porque há mais países que também são grandes produtores de vinho, que julgo que também têm o mesmo problema, como Espanha, Itália, França e parte da Alemanha. Estamos profundamente convencidos de que se o Governo tiver vontade poderá facilmente uma coligação de países que terão a mesma preocupação que nós e negociarão com a UE uma medida de destilação”, desafiou.

Até porque “anda-se por aí a especular muito em Viseu” e “dizem que há álcool no mercado, mas não há” e “em qualquer médio ou grande supermercado da província não há, e, quando há, está tudo racionado. “Ou seja, há uma grande falta de álcool também. Obviamente que a destilação do vinho não seria só por causa disto, mas será apenas uma das consequências, mas é também importante nesse ponto de vista”, defendeu.

 

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