O projeto “365 dias leitura” colocou em 19 espaços públicos do concelho de Viseu 21 equipamentos que permitem acesso a uma biblioteca digital, inclusive por pessoas com cegueira ou analfabetas, explicou hoje à agência Lusa a mentora da iniciativa.
“Se os livros estiverem mais próximos, como em cafés, restaurantes, nos lugares que as pessoas frequentam, será mais fácil as pessoas lerem. Por outro lado, sendo a leitura um ato individual e pessoal, pode ser uma forma de chamar as pessoas aos locais, nomeadamente do centro histórico de Viseu”, defendeu Cláudia Sousa.
A mentora do projeto “365 dias leitura”, financiado em 10.000 euros pelo Viseu Cultura, na linha programar, da Câmara Municipal, disse que “pretende promover a leitura digital com qualidade de forma inclusiva”.
“Com este equipamento, que colocámos nos espaços públicos, as pessoas com cegueira, que não sabem ler ou que estejam a aprender português conseguem ter acesso aos livros”, explicou.
A ideia é “ter o acesso à leitura mais próximo dos locais de estar das pessoas e não só nas bibliotecas” e, por isso, é possível encontrar estas bibliotecas digitais em 19 espaços do concelho, como museus, cafés, restaurantes ou unidades hoteleiras.
“O projeto inicial contemplava somente 10 espaços, mas os museus municipais manifestaram muito interesse em ter estas bibliotecas e, com isso, temos, atualmente, 19 espaços com 21 equipamentos” de leitura, contou.
“É um ‘e-reader’ para normovisuais e pessoas com baixa visão e, para pessoas com cegueira, existe o ‘tifloreader’ que faz a conversão do texto em áudio e, simultaneamente, permite partilhar audiolivros e ‘podcasts’”, explicou.
Apesar de o projeto ter arrancado em março, com as candidaturas dos espaços, o equipamento “chegou aos locais de acolhimento de leitores em agosto e, este mês, foi entregue aos museus municipais que pediram para aderir.
Estes espaços museológicos estão a acolher “sessões de apresentação e trocas de ideias” sobre as bibliotecas digitais nos fins de semana e, no sábado, pelas 16:00, o debate acontece no Museu Keil Amaral e, no dia 13, à mesma hora, no Museu Almeida Moreira.
“Infelizmente, tem tido pouco acesso, porque desconhecem o projeto e, por outro lado, porque, infelizmente, as pessoas resistem bastante à leitura e, muito mais, à leitura digital, porque o livro em papel provoca outros sentimentos, que não pretendo questionar”, reconheceu.
Cláudia Sousa disse que parte “do princípio que, através da leitura digital, é simples colocar em lugares onde não há espaço para livros, pequenas bibliotecas para qualquer pessoa ter acesso”.
E o acesso, para já, é “aos clássicos da literatura portuguesa, porque são de acesso livre, mas as pessoas podem adquirir outros livros, quer através do e-mail do projeto (365diasleitura@gmail.com), quer através do responsável do espaço onde está o equipamento”, explicou.
Cada espaço tem a sua conta no projeto, contou a responsável, e, por isso, cada biblioteca digital “poderá ficar diferente, dependo da aquisição de livros que possa haver, mas está a ser estudada a partilha de contas, para que os livros possam ser partilhados nos diferentes equipamentos”.
“Também é objetivo dar o poder de compra às pessoas e não ficar uma curadoria responsável pelos livros disponíveis e sim serem as pessoas a dizerem o que querem ler. Assim, cria-se uma biblioteca comunitária em que o valor investido por uma pessoa nos livros fica disponível para todos”, disse.
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