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Viseu: Cordenadora do BE diz que “O governo quer vender interior a quem tem mais dinheiro”

Mariana Mortágua esteve na Sementeira, a iniciativa do Bloco de Viseu, onde aproveitou para salientar a importância da cultura para o desenvolvimento do interior e criticou os efeitos dos vistos gold e da especulação imobiliária na crise da habitação.

A Sementeira, a mostra de artes visuais e performativas organizada pelo Bloco de Esquerda de Viseu está a decorrer até este fim de semana. A iniciativa tem onze anos e Mariana Mortágua marcou presença elogiando-a por ser “fruto da imaginação do Bloco de Viseu e do trabalho de criação e da imaginação de todos os artistas que fazem este espaço sem mediação e que o criam como se fosse seu e que o usam para divulgar as suas obras”.

A coordenadora bloquista sabe que o interior precisa de “serviços públicos, tribunais, escolas, saúde” mas pensa que “há mais que pode ser feito pelo interior” e isso passa por ações deste género: “o interior precisa de sementeiras”, vincou.

E somou duas “duas razões essenciais” para isso. A primeira “porque elas lembram-nos que a democracia é este espírito de comunidade e de associativismo e de cooperação entre artistas, entre política, partidos, associações”, a “capacidade de construir coisas em conjunto enquanto comunidade”.

A segunda porque nos mostra que “para o interior a cultura é essencial” já que “abre mundos”. Assim, “o interior precisa de cultura até porque a cultura cria trabalho e fixa as pessoas”, sendo Viseu “exemplo disso”.

Por isso, “cada vez que se ataca a cultura, ou cada vez que se diminuem os apoios à cultura, é um ataque ao desenvolvimento do interior”.

Para o Bloco, “cada euro investido em cultura vale mais pelo desenvolvimento do interior do que dois euros nestes programas de benefícios fiscais e de pseudo-políticas para atrair pessoas para o interior”.

Mariana Mortágua criticou o governo que por apresentar políticas como atrair “nómadas digitais”, dar benefícios fiscais a residentes não habituais e os vistos gold foram “como forma de trazer gente para o interior”. Para ela, o governo “quer vender o interior a quem tem mais dinheiro” e “precisamos menos de vender e mais de desenvolver e de semear para colher o que aqui está e quem quer ficar aqui”.

A coordenadora bloquista passou então a exemplificar isto com uma destas políticas, os vistos gold, e com a notícia de que “um gestor de uma petrolífera chilena condenado por corrupção, por lavagem de dinheiro nos Estados Unidos, gastou oito milhões de euros para comprar 14 imóveis em Portugal com vistos gold”, para conseguir nacionalidade para si e para a sua família. Um símbolo de uma política que contribui para a especulação imobiliária “quando temos imigrantes que passam aqui uma vida inteira de trabalho e não conseguem ter residência e nacionalidade”.

Sendo que o executivo prometeu que ia acabar com este regime mas “a lei para acabar com o regime que nunca mais sai” e causou “uma corrida aos vistos gold” com 7.800 novos pedidos. Isto foi apresentado como “mais que uma irresponsabilidade”, “um convite à lavagem de dinheiro” e “à corrupção”.

Voltando ao caso de Viseu, a porta-voz bloquista defendeu que “Viseu não precisa nem de vistos gold nem de mais especulação imobiliária”, tendo “hoje uma situação caricata”: “queremos fixar as pessoas mas a especulação imobiliária tornou as casas demasiado caras para as pessoas se fixarem”. Este é um dos distritos e das cidades “em que as rendas mais subiram, 50% desde 2018. Subiram 18% só no primeiro trimestre de 2023”. Mais uma prova de que “o problema da habitação não é um problema de Lisboa e do Porto, é um problema do interior”. Daí que seja “a maior hipocrisia de todas dizer às pessoas do interior que queremos desenvolver o interior quando elas não conseguem pagar uma renda numa cidade do interior”.

 

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