As candidaturas ao Prémio de Poesia Judith Teixeira, criado em 2016 para homenagear a vida e obra da polémica poetisa nascida em Viseu, decorrem entre 08 de agosto e 02 de setembro, anunciou hoje a autarquia.
Promovido pela Câmara de Viseu, em parceria com a editora Edições Esgotadas, o prémio distingue bienalmente uma obra de poesia, original e inédita, escrita em língua portuguesa.
Segundo a autarquia, este prémio “visa homenagear, de forma simbólica, a vida e obra da escritora viseense Judith Teixeira” e também promover a criação cultural e literária e auxiliar os autores “no acesso à edição dos seus textos”.
O vencedor receberá um prémio de 2.500 euros, da responsabilidade da autarquia, e vê garantida a publicação da obra pela Edições Esgotadas.
Natural de Viseu, Judith Teixeira nasceu em 1880 e morreu em 1959.
Na altura em que foi criado o prémio, em maio de 2016, a então vereadora da Cultura, Odete Paiva, disse que “foi editada uma parte muito pequena” da obra de Judith Teixeira e, por isso, numa parceria com a Edições Esgotadas, o seu trabalho seria publicado e dado a conhecer.
A vereadora considerou que “Viseu tinha obrigação de fazer esta homenagem”, até porque a obra de Judith Teixeira “não está divulgada” em Portugal, sendo mais conhecida no Brasil, o que se deve ao facto de escrever de forma polémica para a época.
Logo em maio de 2016, a Edições Esgotadas lançou “Obras completas – Lírica”, que inclui uma biografia da poetisa na qual se pode ler que, apesar de esta ter começado a escrever na adolescência, o seu primeiro livro, intitulado “Decadência”, saiu em fevereiro de 1923 e foi apreendido pelo Governo Civil de Lisboa.
Seguiram-se “Castelo de Sombras” e “Nua”, tendo Marcelo Caetano [que se tornaria presidente do conselho de ministros em 1968] escrito no jornal “Ordem Nova” que “tinham aparecido nas livrarias uns livros obscenos”, apelidando Judith Teixeira de desavergonhada.
“Depois de enxovalhada publicamente, ridicularizada, apelidada de lésbica e caricaturada em revistas, defendeu-se e contra-atacou na conferência ‘De mim’, cujo texto se apressou a editar”, refere a biografia.
Enfrentando “tudo e todos”, sete meses depois publicou “Satânia” e, em 1928, o “Poemeto das Sombras”, na revista “Terras de Portugal”.
“Depois disso, totalmente esmagada pela moral vigente, esta poetisa vanguardista viu-se sentenciada de ‘morte artística’ pela mão de José Régio”, acrescenta.
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