Os trabalhadores do parque de madeiras da fábrica da Sonae Arauco em Mangualde cumprem uma greve de 48 horas a partir das 22:00 desta quarta-feira 16 de outubro, em protesto contra as “fortes discriminações salariais” de que dizem estar a ser vítimas.
Em declarações à agência Lusa, Luís Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos, Construção, Madeiras, Mármores e Similares da Região Centro, disse estarem em causa os diferentes aumentos salariais relativos a 2019, que foram em média de 200 euros para aos trabalhadores das prensas e da caldeira e se ficaram pelos 20 euros, em média, para as cerca de duas dezenas de funcionários do parque de madeiras.
“Eles sentem-se discriminados e, juntamente com o sindicato, têm feito reuniões com a administração. Os aumentos foram dados em março, com retroativos a janeiro, e temos vindo a negociar com a empresa desde maio. Na última reunião, em 30 de setembro, o administrador resolveu dar mais 14 euros de aumento, em troca de mais tarefas a realizar pelos trabalhadores”, explicou o dirigente sindical.
Segundo salientou, contabilizando os subsídios de turno e outros, proporcionais ao salário base, os trabalhadores do parque de madeiras “já estão a receber quase menos 400 euros do que os outros”.
“Sentiram-se discriminados e resolveram parar”, acrescentou.
Contactada pela agência Lusa, a administração da Sonae Arauco afirmou que “as reivindicações são de um grupo restrito de trabalhadores” e que “as diferenças salariais apontadas, referentes à unidade fabril, têm na sua base categorias profissionais distintas e requisitos técnicos de conhecimento que não são equiparáveis”.
Assegurando que “mantém a postura de diálogo que tem assumido em todo este processo”, a empresa refere que durante o período da greve “vai direcionar todos os esforços no sentido de mitigar os transtornos que possam ser causados”.
A este propósito, o sindicato destaca que são os trabalhadores do parque de madeiras que alimentam a caldeira, da qual depende o secador da madeira que depois segue para as prensas, antecipando por isso que “ao segundo dia a greve irá parar a empresa, pelo menos parcialmente”.
“A não ser que [a administração] substitua os trabalhadores em greve, mas vamos estar atentos e denunciar à ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] se o fizer”, rematou Luís Almeida.
A Sonae Arauco é uma empresa de painéis derivados de madeira.
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