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Requalificação da Escola Cantina Salazar em Santa Comba Dão arranca “em breve”

A requalificação da Escola Cantina Salazar, que futuramente deverá acolher o Centro Interpretativo do Estado Novo, vai arrancar em breve, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Santa Comba Dão, Leonel Gouveia.

“Estamos ainda numa fase de montagem de estaleiro”, afirmou o autarca, acrescentando que “a obra está entregue ao empreiteiro”.

Segundo Leonel Gouveia, trata-se de “obras de requalificação de uma escola que, devido ao passar dos anos, necessitava de alguns melhoramentos”, quer ao nível da cobertura, quer das portas e janelas.

“Estamos a falar apenas de requalificação do espaço e de absolutamente mais nada”, frisou, acrescentando que o trabalho relativamente ao conteúdo que integrará o futuro Centro Interpretativo do Estado Novo ainda se encontra “numa fase embrionária”.

O autarca explicou que, “independentemente de no futuro vir ou não a ser um centro interpretativo”, o edifício dos anos 40 do século XX precisava de obras.

“Para que, no futuro, possa vir ali a ser alojado o Centro Interpretativo do Estado Novo não podíamos deixar degradar mais este edifício”, referiu.

Em agosto, face à polémica instalada, a autarquia já tinha esclarecido que nunca teve intenção de criar um museu dedicado a Salazar, mas sim um Centro Interpretativo do Estado Novo, incluído numa rede ligada à história e memória política.

De acordo com a Câmara, a primeira fase de requalificação da Escola Cantina Salazar é uma obra orçada em 150 mil euros, a concluir até final do ano.

António Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, uma freguesia do concelho de Santa Comba Dão, mas a criação de um espaço dedicado àquele período da história portuguesa não tem sido pacífica ao longo dos anos.

No início do mês, João Paulo Avelãs Nunes, um dos coordenadores científicos do projeto, disse à Lusa que quem for ao Centro de Interpretação do Estado Novo à espera de uma perspetiva apologista do regime liderado por Salazar vai sentir-se, “mais do que desiludido, incomodado, porque, normalmente, pessoas que têm essa visão não gostam de um discurso historiográfico sobre o Estado Novo”.

Em resposta às críticas contra aquele projeto que alertam para o perigo de ‘romarias’ de defensores de Salazar ao local, o também vice-coordenador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra vincou que as pessoas que têm uma visão positiva do Estado Novo gostam de um discurso laudatório em torno do regime, o que “nunca será o caso”.

“Não será laudatório, nem condenatório. Como é óbvio, quando se caracteriza uma ditadura, para quem gosta de ditaduras, a caracterização [que será feita no Centro] será antipática”, vincou.

Segundo o historiador, que tem vários trabalhos publicados em torno do Estado Novo, o Centro de Interpretação vai abordar todo o período entre 1926 (quando se instaura a ditadura militar) e 1974, caracterizando o regime, comparando-o com outras “soluções políticas ditatoriais na Europa e no mundo” naquele período, sejam elas ditaduras de tipo fascista ou de tipo comunista.

 

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