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Projeto de Viseu lança “Novos Argumentos” com ilustração e bandas sonoras para ‘curtas’

“Novos Argumentos” é um livro do projeto “short age”, com oito contos e respetivas bandas sonoras, que são a base para a realização de curtas-metragens, ou para as imaginar, com Viseu como ponto de partida, disse hoje um dos promotores.

“Habitualmente, um guião é um ponto de passagem no processo de criação. Um meio para um fim. Com este livro questionamos essa ideia”, disse à agência Lusa Luís Belo que, juntamente com Carlos Salvador, criaram o projeto “short age”.

“Novos Argumentos” reúne histórias de oito autores, sonorizadas por outros tantos criadores, com ilustrações de Susa Monteiro, permitindo “abrir portas para possíveis concretizações” das `curtas`, pelos autores ou por terceiros, mas também por quem os lê e os ouve, que “já consegue fazer a `curta` na sua mente”.

A ideia surgiu durante o primeiro confinamento, por causa da pandemia da covid-19, em 2020, quando foram obrigados a interromper a exibição de ciclos de `curtas` que faziam regularmente, dentro do projeto Short Cutz, que levaram para Viseu em 2013.

“Já tínhamos a aprovação de uma candidatura na Câmara Municipal de Viseu de 15 mil euros. Como não íamos passar as `curtas`, a autarquia disse que podíamos adaptar 20% do financiamento para conteúdo digital. Assim nasce o `short age`”, explicou.

Neste sentido, foi criada em abril do ano passado a plataforma `shortage.online` onde começaram por reunir 50 `curtas`. “Atualmente estão cerca de 200, porque a ideia era partilhar cinema estando em casa, mas dedicado só a curtas”.

“Isto, porque percebemos que não havia nada onde estão conteúdos. Então é uma espécie de repositório de curtas-metragens e com toda a ficha técnica e informação dos autores. E como não podíamos sair de casa para criar conteúdos, surge a ideia dos `Novos Argumentos`”, explicou.

Assim, foram desafiados autores para escreverem `novos argumentos` a pensarem em Viseu, ou seja, “apesar de não se poderem deslocar à cidade, teriam de o fazer com base no que conheciam, sendo que três deles são viseenses”.

Guilherme Gomes, Rui M. Ribeiro e Ana Seia de Matos assinam por Viseu e a estes juntam-se Joana Bértholo, Luís Campos, Jerónimo Rocha, Vera Casaca, Francisco Pereira Coutinho e Miguel Clara Vasconcelos.

“Então surgiram coisas variadas. Em oito contos há vários géneros, desde o terror e mistério à ficção e romance. Não podendo realizar curtas, porque não podíamos sair de casa e é muito mais dispendioso, decidimos desafiar Susa Monteiro para as ilustrar, quase como se fosse o cartaz”, contou.

Para a curta “ficar quase completa, só faltava a banda sonora”, justificou Luís Belo que disse terem desafiado músicos a criarem originais para cada um dos contos e assim “foi também forma de, durante o confinamento, ter vários autores a criarem”.

Samuel Martins Coelho, Bruno Pinto, Ricardo Santos Rocha, L Filipe dos Santos, Teresa Gentil, Dennis Xavier, Gustavo Dinis e Leonardo Outeiro dão som aos oito contos que agora se reúnem em livro, que podem ser ouvidos através do leitor de código `QR` do telemóvel.

“Cada argumento guarda a essência de uma história e, ao publicarmos estes oito novos argumentos, destacamos a elaborada arte de escrever para um ecrã. Nestas páginas vemos com a imaginação”, defendeu.

De maio a dezembro, foi lançado, na plataforma `shortage.online`, todos os meses, um conto, com respetiva ilustração e banda sonora, que estão “agora reunidos num livro e, a verdade, é que ao serem publicados, o destaque vai para um elemento que, normalmente é descurado, a ideia” das `curtas`.

“Uma coisa que me tenho apercebido, durante sete anos a exibir `curtas` em Viseu, é que grande parte delas perde neste ponto da ideia e da palavra e, para mim, essa é a matéria-prima que valorizamos ao publicar este livro”, defendeu.

Neste sentido, Luís Belo considerou que “todos os filmes começam numa ideia e essa ideia, antes de ser imagem, é palavra”, até porque, atualmente, “a imagem das `curtas` é tão boa, quer pelos meios tecnológicos quer pelo crescimento dos profissionais, que a ideia passa para segundo plano”.

“Mas, com o custo que a realização de uma `curta` tem, ao estimularmos a escrita, estamos a abrir portas para possíveis concretizações, quer pelos autores ou por terceiros que, ao ler, se sintam entusiasmados. Seria incrível para nós que uma coisa que estimulámos a criar se viesse a concretizar”, admitiu.

Entretanto, Luís Belo defendeu que cada leitor, ao confrontar-se com estes contos, “já consegue fazer a `curta` na sua mente, mais do que outros livros, porque este foi feito precisamente para criar imagens, porque até a banda sonora lá está”.

“E mais do que, possivelmente, imaginares toda uma envolvência, o teu cérebro coloca-te num plano mais fechado tal como aparece no ecrã, porque o argumento, da forma como está escrito, leva-te a isso mesmo e, assim, cada leitor realiza a sua `curta` com este livro”, apontou.

Para já, a partir do lançamento do primeiro volume dos “Novos Argumentos”, “porque já estão mais autores desafiados para um segundo volume”, estão 150 livros à venda através da plataforma.

Para marcar o momento, a dupla do projeto “short age” desafiou as atrizes Raquel Costa e Rita Camões a fazerem uma leitura encenada de contos, na Incubadora do Centro Histórico de Viseu, pelas 17:00 de sábado.

 

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