O presidente da Câmara de Moimenta da Beira disse que o estudo europeu divulgado esta segunda-feira sobre o uso de pesticidas na fruta está “desfasado no tempo”, porque, atualmente, “a maçã está praticamente livre”.
“Eu acredito em todos os estudos, porque acredito no saber e na informação científica, no entanto, os estudos têm o seu tempo e este revela dados com nove anos, está completamente desfasado no tempo”, considerou Paulo Figueiredo.
O presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, reagiu assim, à agência Lusa, ao estudo divulgado esta segunda-feira pela rede PAN Europa, criada em 1987 e que reúne 38 organizações de consumidores, de saúde pública e ambientais, entre outras.
A PAN Europa, que faz parte da “Pesticide Action Network” (PAN), fundada em 1982, é uma rede de mais de 600 organizações não governamentais, instituições e pessoas de mais de 60 países que procura minimizar os efeitos negativos dos pesticidas perigosos, e substituí-los por alternativas ecologicamente corretas e socialmente justas.
O estudo refere que as maçãs e peras cultivadas em Portugal estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos, com base numa análise a fruta fresca europeia relativamente a 2019.
Em 85% das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos. A nível da União Europeia, segundo o estudo, as taxas de contaminação tanto para maçãs como para peras mais do que duplicaram entre 2011 e 2019.
Em relação a 2019, indicam as análises feitas na Europa, metade de todas as amostras de cerejas tinham sido contaminadas com pesticidas, um terço (34%) de todas as maçãs estavam também contaminadas, o mesmo acontecendo com cerca e metade das peras e metade dos pêssegos.
Observando os dados dos nove anos, de 2011 a 2019, o estudo indica que os frutos mais contaminados foram as amoras (51% das amostras), seguidas dos pêssegos (45%), dos morangos (38%), das cerejas e dos alperces (35%). No mesmo período, os países que produziram frutas mais contaminadas foram, por ordem decrescente, a Bélgica, a Irlanda, a França, a Itália e a Alemanha.
“Isto está destorcido no tempo, porque nos últimos dois, três anos tem havido uma evolução fantástica a este nível e, por exemplo, os nossos fruticultores têm aplicado e implementado regras muito específicas da União Europeia que obrigam à redução dos pesticidas”, defendeu o autarca.
Paulo Figueiredo disse ainda que “uma boa percentagem das maçãs, que é a fruta principal do concelho, tem níveis muito reduzidos, com os níveis de toxidade praticamente a zero” e isto, continuou, “porque cumprem com as normas europeias”, tanto “para a sustentabilidade ambiental como para a saúde”.
“E as nossas maçãs passam por uma série de análises, nomeadamente através das grandes superfícies, que fazem de forma constante a todos os lotes fornecidos, assim como os próprios produtores que também controlam”, acrescentou.
O autarca disse “lamentar este tipo de estudo desfasado no tempo, principalmente quando já não corresponde à realidade e só vem criar impacto negativo junto dos fruticultores que, são os que menos ganham e mais trabalham para a qualidade da maçã”.
“Neste momento, Moimenta da Beira é responsável por cerca de 20% da produção nacional da maçã e se juntarmos os municípios aqui à volta, como Armamar, Sernancelhe e Lamego, acredito que somos responsáveis por mais de 50% da produção nacional”, referiu.
Paulo Figueiredo sublinhou a qualidade da maçã desta região do norte do distrito de Viseu e considerou que “é de qualidade e é das melhores maçãs do País e do mundo, e, sem exagero, porque é sem dúvida das melhores do mundo”, concluiu.
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