Os alunos que chegam pela primeira vez às escolas do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) vão poder contar, a partir deste ano letivo, com a ajuda de mentores que facilitarão o seu processo de acolhimento e de integração.
“Às vezes, as praxes afastavam os nossos estudantes. Havia uma certa ansiedade, um certo nervosismo, relativamente ao que os esperava”, disse à agência Lusa a coordenadora do programa Mentores em Ação, Emília Coutinho.
Segundo a também docente da Escola Superior de Saúde e encarregada de Missão para a Inclusão do IPV, o objetivo é, ao invés de motivar esses sentimentos, criar “uma cultura de respeito, de acolhimento, de dar as boas vindas” aos novos estudantes.
“O objetivo é termos estudantes com formação que sejam mentores durante o primeiro ano – ou, pelo menos, durante o primeiro semestre – e que partilhem com os novos estudantes desde métodos de estudo, a métodos de gestão de conflitos”, exemplificou, acrescentando que a intenção é a de que os estudantes “se sintam respeitados e valorizados” no IPV.
A ideia para o projeto surgiu do facto de Emília Coutinho ter integrado, no âmbito do Alto Comissariado para as Migrações, o programa Mentores para Migrantes.
“Tal como os migrantes, os estudantes também têm necessidade desta ajuda, porque saem das famílias e estão desenraizados. Mesmo quando são da cidade de Viseu, nunca estiveram no ensino superior, não sabem quais são as dinâmicas”, acrescentou.
Segundo a docente, quando se sentem parte da comunidade, os alunos “estudam mais, não abandonam a academia, há sucesso académico, há qualidade de vida e há mais saúde”.
“É uma cultura institucional que nós estamos a querer iniciar”, realçou.
Neste primeiro ano do programa, haverá 16 mentores em cinco unidades orgânicas, para alunos dos cursos de Contabilidade, Enfermagem, Publicidade e Relações Públicas, Enfermagem Veterinária e Serviço Social.
“Vamos começar com a mentoria nos cursos de que são os mentores”, explicou a responsável, acrescentando que a ideia é aumentar o número já no próximo ano letivo.
Na próxima semana, na sessão de arranque do próximo ano letivo, os novos alunos do IPV receberão informações sobre o programa de mentoria e como se poderão inscrever para ter um mentor, caso assim o pretendam.
Para já, devido à pandemia de covid-19, cada mentor poderá ter apenas nove mentorados, para que as reuniões periódicas não ultrapassem as dez pessoas.
“Vamos atribuir um mentor a um mentorado em função das necessidades, tendo em conta os interesses individuais dos mentorados, para que a ajuda possa ser mais efetiva. Depois, vão ter reuniões periódicas”, explicou Emília Coutinho, mostrando-se convencida de que será estabelecida “uma relação de cumplicidade, de parceria” entre eles.
“É extraordinário chegarmos a uma instituição de ensino superior e, em vez de termos alguém que nos vai criticar, que nos vai praxar e amedrontar, termos alguém que nos vai ajudar no processo”, frisou.
Na terça-feira, numa mensagem à comunidade académica, o IPV, que é presidido por João Monney Paiva, avisou que serão abertos processos disciplinares contra os estudantes envolvidos em praxes académicas que ostentem símbolos da instituição.
As praxes neste estabelecimento de ensino superior estão proibidas desde 2009, sendo os princípios da instituição orientados por “valores assentes na convivência cidadã, no respeito e na dignidade inviolável do ser humano”, acrescentou.
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