A líder do Bloco de Esquerda disse hoje que o partido se vai “bater” no próximo Orçamento de Estado por um programa de recuperação da saúde não covid, considerando que é “absolutamente vital” no regresso à normalidade.
“Este é também o momento em que se prepara o Orçamento do Estado e para nós é absolutamente vital que haja um programa de recuperação da saúde não covid, do atendimento, de tudo o que são problemas de saúde não covid”, defendeu Catarina Martins no final de uma visita à Unidade de Saúde Familiar (USF) de Mangualde.
A coordenadora nacional do BE esteve reunida com a diretora daquela unidade de saúde na sequência do encerramento, em março de 2020, do serviço de atendimento permanente (SAP), e agradeceu aos profissionais de saúde.
“Como dizia aqui a médica, há uma enorme frustração saber que há cuidados não covid que vão ficando para trás, porque sem mais meios, sem mais condições, fica impossível para responder a tudo. Um programa de recuperação de cuidados não covid é absolutamente essencial ao país e é por ele que nos vamos bater”, insistiu.
Catarina Martins alegou ainda o “momento em que se discutem autárquicas”, que se realizam em 26 de setembro, para que todos os partidos sejam “claros sobre o que significa a igualdade de tratamento dos cidadãos em todo o território nacional e no seu acesso à saúde seguramente”.
A líder do BE defendeu também que, tendo em conta que os profissionais de saúde dos cuidados primários estão também a trabalhar na vacinação, a “covid não faz só uma enorme pressão sobre os cuidados hospitalares, faz uma enorme pressão sobre os cuidados primários”.
“Nós precisamos, neste momento, de garantir um aumento de meios, de gente, de equipamentos, de condições, nos cuidados primários de saúde em Portugal para garantir que há uma resposta covid e não covid”, considerou.
Neste sentido, defendeu que “é preciso compreender que os cuidados primários de saúde estão sobre uma pressão muito grande há muitos meses e que é muitas vezes invisível, mas que é muito real e, por isso, é urgente mais” profissionais de saúde.
“Não podemos só passar mais funções para os cuidados primários, precisamos de lhes dar condições e precisamos de um programa de recuperação dos cuidados não covid em Portugal que é fundamental”, insistiu a líder que defendeu, entre outras, “a regularização de todos os vínculos precários”, porque estes profissionais “não podem ser dispensados” do SNS.
Um serviço que, no entender de Catarina Martins, deve estar distribuído pelo território nacional, nomeadamente no interior, em que “os serviços públicos têm obrigação de garantir condições para que as pessoas possam querer viver”, por exemplo, em Mangualde, cidade onde se encontrava.
“A boa notícia que tive hoje é que médicas de família que aqui estão são jovens, que tiveram filhas, tiveram direitos, no meio da covid também, naturalmente, aos seus direitos de maternidade, mas estão aqui a viver e querem cá ficar”, apontou.
Assim, defendeu que são necessárias “políticas públicas que acompanhem a vontade de tanta gente e de gerações de viver no interior e isso significa abrir mais serviços e não encerrar” como aconteceu ao SAP de Mangualde.
“Por isso é tão importante que o serviço de atendimento permanente aqui reabra e não haja uma espécie de resignação ao fecho que aconteceu em março de 2020 com a pandemia, porque esse é o grande perigo: fechou não volta a abrir. Não, fechou e tem de abrir para que as pessoas possam aqui estar”, exigiu.
A bloquista considerou este encerramento “absolutamente incompreensível” após ano e meio de pandemia, porque isso “é duplamente negativo, por um lado, as pessoas de Mangualde são obrigadas a deslocarem-se para Viseu, ou seja, os cuidados de saúde ficaram mais longe, numa população envelhecida e isto é um problema grave”.
“Por outro lado, seguramente o hospital em Viseu acaba por ter uma urgência com casos que não deviam ir parar à urgência de um hospital, porque deviam ser resolvidos numa urgência básica, num serviço de atendimento permanente”, disse.
Assim, direcionou “esta responsabilidade” de reabertura do SAP de Mangualde para o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões, a que está afeta a USF, atendendo ao facto de, neste momento, já se saber “o suficiente como a covid se espalha para que seja seguro abrir serviços de atendimento permanente”.
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