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Hospital de Viseu reconhece “dificuldades” nas escalas pediátricas no verão

O conselho de administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV) reconheceu hoje “dificuldades” em completar a escala da Urgência Pediátrica, assim como o “normal funcionamento” do bloco de partos, em agosto e setembro.

Segundo uma nota de imprensa enviada à agência Lusa, esta dificuldade deve-se “à exiguidade dos recursos médicos em Pediatria” que se tem vindo a “acentuar”.

“Nos últimos anos, tem-se acentuado a dificuldade de retenção de pediatras, com rescisões de contratos e baixa atratividade de recém-especialistas, existindo apenas 24 especialistas no serviço”, esclarece no documento.

Desses, “apenas 18 médicos contribuem para assegurar a escala, uma vez que há especialistas dispensados da prestação de serviço de urgência por idade, doença ou licenças de maternidade”.

“Sendo considerado como condição indispensável à qualidade e segurança dos cuidados pediátricos e neonatais a presença de dois pediatras em cada período de 12 horas, só é possível garantir a escala recorrendo a horas de trabalho suplementar, o que se torna difícil durante o período das férias”, sublinha.

O conselho de administração, presidido por Nuno Duarte, refere ainda que “a maioria dos pediatras recusa a prestação de horas suplementares para além do legalmente consignado, o que constitui um direito legítimo face à sobrecarga laboral”.

A administração do CHTV adianta que está a trabalhar em articulação com a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com o conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Uma articulação que visa “manter a Urgência Pediátrica aberta no período do verão, contando com a colaboração em rede do SNS e recorrendo à prestação de serviços, esperando conseguir manter também o normal funcionamento do bloco de partos”.

Perante este “esforço de todos”, a administração do CHTV apela à população para que, “sempre que possível, recorra ao seu médico de família ou à linha SNS 24, evitando sobrecarregar os serviços hospitalares”.

“Atualmente, a percentagem dos episódios classificados como verdes ou azuis (pouco urgentes ou não urgentes) representa mais de metade das crianças atendidas na Urgência Pediátrica do CHTV”, salienta.

A agência Lusa denunciou na sexta-feira que “a escala de especialistas de Pediatria passou a ter turnos a descoberto desde 13 de março de 2023”, com “três especialistas de dia para dois, nos dias de semana”, como noticiou, na sexta-feira, a agência Lusa.

“Ao fim de semana, mantiveram-se três elementos pela necessidade de a equipa de urgência gerir o internamento, neonatologia, berçário e sala de partos”, explicou então uma fonte à agência Lusa.

A fonte do serviço de Pediatria frisou que “esta redução coloca em risco os doentes, o que foi sinalizado com a minuta de escusa de responsabilidade assinada pela grande maioria dos pediatras que realizam urgência”.

“A situação de rutura foi, múltiplas vezes, sinalizada aos elementos de gestão e direção do hospital, sem que nada na prática se alterasse”, adiantou.

Quanto às escalas, a deste mês “foi realizada com o esforço dos elementos do serviço, que há muito que cumpriram as 150 horas extraordinárias”, sendo que esta conta com internos de 4.º ano na escala de especialistas, “o que vai contra qualquer regra de boa prática”.

“Alguns dias de fim de semana deixaram de poder contar com três elementos, o que irá logicamente causar constrangimentos”, realçou ainda a mesma fonte do Centro Hospitalar Tondela-Viseu.

Quanto à escala de agosto, as versões provisórias “contam com 31 buracos [considerando turnos de 12 horas] de dia e 17 à noite”, o que “significa apenas dois especialistas de dia e, em muitos casos, apenas um à noite”.

“A permanência de apenas um especialista à noite torna impossível garantir a segurança de qualquer doente que recorra à urgência externa [de pediatria]. Por outro lado, também impossibilita a execução segura de partos”, afirmou a mesma fonte.

Lusa

 

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