Encontro Nacional URBACT reforçou o papel de Viseu Dão Lafões como território de boas práticas urbanas

São Pedro do Sul recebeu, nos dias 18 e 19 de novembro, o Encontro de Parceiros Nacionais URBACT 2025, uma iniciativa promovida pela Direção‑Geral do Território, enquanto Ponto URBACT Nacional, com o apoio da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões e do Município de São Pedro do Sul.

O evento reuniu representantes das 53 entidades urbanas portuguesas atualmente envolvidas nas três redes do programa europeu URBACT: as Redes de Planeamento de Ação, Redes de Transferência de Inovação e novas Redes de Transferência. Ao longo de dois dias, os participantes tiveram a oportunidade de partilhar experiências e projetar o futuro das cidades e regiões portuguesas no contexto europeu, além de conhecer boas práticas em desenvolvimento no território da CIM Viseu Dão Lafões, participar em sessões de capacitação orientadas por especialistas e estabelecer contacto direto com entidades financiadoras de projetos de desenvolvimento urbano sustentável.

No dia 18 de novembro, os participantes visitaram alguns dos projetos emblemáticos da região, como o sistema intermunicipal de transportes MOBI Viseu Dão Lafões, o serviço de transporte flexível Ir e Vir, o sistema de bicicletas partilhadas bora!, a Ecopista do Dão e Vouga, o Centro Intermodal de Transportes de São Pedro do Sul e o projeto LIFE Nieblas.

O segundo dia, centrado nas Termas de São Pedro do Sul, decorreu no auditório do Balneário Rainha Dona Amélia e integrou uma sessão de capacitação dedicada à comunicação de projetos e um painel de encontros com potenciais financiadores. A Direção‑Geral do Território encerrou o programa, com a apresentação das próximas atividades nacionais da rede URBACT.

Na sessão de boas-vindas, Nuno Martinho, Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, referiu que “quando recebemos a proposta para acolher o Encontro Nacional URBACT, aceitámos de imediato, porque acreditamos que este é um programa de referência no domínio da inovação territorial e urbana, fundamental para a disseminação de boas práticas, para o benchmarking e para a cooperação entre regiões. O que este programa representa para a governação pública local é extraordinário, na medida em que se centra no que é verdadeiramente transformador e, a partir de uma ideia concreta, procura responder a desafios emergentes e complexos, gerando um efeito multiplicador à medida que essas soluções são disseminadas e adaptadas por outras regiões do país e também no estrangeiro, promovendo a melhoria da gestão pública e a partilha de soluções eficazes.”

“No âmbito do URBACT, entre outros, estamos a participar no projeto Econnecting, que tem sido uma experiência extraordinária, centrada na mobilidade urbana sustentável e no seu contributo para a coesão social e territorial, bem como para a competitividade dos territórios. Este projeto permitiu-nos desenvolver uma boa prática europeia, o serviço de transporte flexível ‘IR e VIR’, que posicionou a nossa região como um farol de referência a nível europeu. Esta experiência soma-se ao trabalho que a CIM tem desenvolvido noutros projetos, reforçando a nossa competência e capacidade de inovação. Para 2026, já estamos a preparar novas iniciativas URBACT, porque queremos que a nossa região uma referência no âmbito do programa e um exemplo de boas práticas. Estamos totalmente empenhados em continuar este caminho, lado a lado com os nossos municípios e com os restantes parceiros europeus”, concluiu.

Para Nuno Almeida,Vice-Presidente da Câmara Municipal de São Pedro do Sul, “o nosso desafio é perceber como, com os nossos condicionalismos e a nossa realidade, conseguimos dar uma resposta em termos de mobilidade e visão territorial equivalente à que existe nos grandes centros urbanos. É muito importante percebermos quais são os investimentos de que o território realmente precisa, e que esses investimentos sejam realizáveis e sustentáveis ao longo do tempo”.

“Só com interligação entre municípios, entidades financiadoras e instituições como a CIM Viseu Dão Lafões e a CCDR do Centro conseguimos encontrar projetos equilibrados, que sejam uma mais-valia para quem vive cá e para quem nos visita”, acrescenta.

Ana Seixas, Sub-Diretora Geral da Direcção Geral do Território, agradeceu “o privilégio que é trabalhar com municípios, com entidades, com comunidades intermunicipais, como temos feito no URBACT. Participo com muito orgulho no Comité de Monitorização do URBACT e, sempre que estou presente, sinto que Portugal tem um papel muito ativo e relevante neste programa“.

“O URBACT é um programa com especificidades muito adaptadas à nossa realidade e que tem permitido que as comunidades e os municípios façam um trabalho extraordinário no terreno. Este evento teve como foco dois aspetos fundamentais: a comunicação e o financiamento. É essencial sabermos comunicar o que fazemos e, também, conhecermos os instrumentos de financiamento que tornam os nossos projetos possíveis”, disse ainda.

O URBACT é o principal programa europeu dedicado à aprendizagem, intercâmbio e transferência de boas práticas urbanas. A CIM Viseu Dão Lafões integra este ecossistema desde 2023, inicialmente através da rede europeia Econnecting – Comunidades Mais Verdes e Mais Próximas, que reúne cidades e regiões de nove países e trabalha temas como mobilidade sustentável, territórios de proximidade e participação cidadã. Desde então, o território tem acolhido encontros internacionais, partilhado o modelo regional de mobilidade e reforçado capacidades técnicas das equipas municipais.

Em 2025, o reconhecimento europeu materializou‑se numa nova aprovação: a CIM passou a liderar uma Transfer Network URBACT IV para disseminar internacionalmente o serviço “Ir e Vir”, considerado uma boa prática europeia na mobilidade urbano‑rural. Esta rede envolve parceiros de sete países e irá trabalhar até 2028 na adaptação e implementação deste modelo em territórios com desafios semelhantes.

Este percurso confirma o papel crescente de Viseu Dão Lafões no contexto europeu do desenvolvimento urbano sustentável, consolidando‑o como um território que aprende, experimenta, transfere conhecimento e influencia políticas públicas além‑fronteiras.