O presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, Arlindo Cunha, defendeu que o ‘lay-off’ também se deve aplicar aos pequenos produtores e engarrafadores de vinho, que são os que mais sentem os impactos da pandemia.
Em declarações à agência Lusa, Arlindo Cunha disse que “os impactos da pandemia no setor dos vinhos são muito assimétricos”.
“As empresas de maior dimensão, as que têm economias de escala, que produzem e comercializam milhões de garrafas, vendem essencialmente nas grandes superfícies e também na exportação. Para essas, o impacto não foi tão forte”, contou.
Já no que respeita aos “produtores engarrafadores que vendiam essencialmente para o canal HORECA (hotéis, restaurantes e cafés)”, a situação é “muito grave” devido à crise no setor do turismo e ainda piorará com o confinamento atual, alertou.
Arlindo Cunha explicou que os pequenos produtores engarrafadores “não têm escala para vender na grande distribuição, nem para exportar”, e que o seu principal canal de escoamento “ficou altamente condicionado e, agora, com o confinamento, mesmo bloqueado”.
A Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas está a realizar um inquérito aos produtores de cada região sobre os impactos da pandemia, mas o contacto diário com os produtores permite já ter uma ideia dos resultados.
“Estamos à espera do estudo para quantificar estas quebras, mas serão superiores a 50%, seguramente. E ainda agravarão mais com o confinamento”, frisou.
Neste âmbito, o antigo ministro da Agricultura disse ser “importante que o Governo analise os problemas dos produtores engarrafadores de pequena e média dimensão, para ver como é que lhes pode ajustar os mecanismos de ‘lay-off’”.
“Eles têm uma atividade diversificada, porque fazem viticultura, fazem enologia, fazem as vendas. Não há uma afinação do ‘lay-off’ para estas situações dos pequenos produtores e engarrafadores”, lamentou.
Arlindo Cunha defendeu também a aplicação das ajudas à armazenagem ao vinho que já está engarrafado.
“Essas ajudas deviam ser aplicadas não apenas ao vinho a granel, mas também ao vinho que já está engarrafado, mas que não pode ir para o mercado, porque o mercado HORECA está parado”, explicou.
Outra medida que considera importante é a criação de “uma linha especial de financiamento de tesouraria para as adegas cooperativas e para as empresas que compraram uvas aos produtores”.
“Em todas as regiões há milhares de agricultores que vendem as uvas, não são produtores de vinho. O pagamento destas uvas não é imediato, vai ocorrendo ao longo dos meses seguintes, à medida que o vinho vai indo para o mercado”, afirmou.
A linha de crédito iria permitir “melhorar a tesouraria destas adegas cooperativas e das empresas”, acrescentou.
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