O presidente da Câmara de Carregal do Sal, Rogério Abrantes, esperava “um bocadinho de condescendência” do Governo e que o seu concelho não tivesse de manter as atuais medidas de confinamento devido à covid-19.
“Sabíamos que estávamos acima dos 120 casos por 100 mil habitantes, mas poderia haver um bocadinho de condescendência da parte do Governo em casos como o nosso”, referiu o autarca à agência Lusa.
Rogério Abrantes lembrou que este concelho do distrito de Viseu tem baixa densidade populacional e, “há 15 dias, registava uma taxa de incidência de perto de 270”.
“Passámos para uma taxa de incidência de 160. Esperava que houvesse uma abertura, pelo menos nestes 15 dias, até verificar o que é que iria acontecer nos próximos 15 dias”, acrescentou.
Segundo o autarca, há 15 dias o concelho tinha 29 casos ativos, que na quinta-feira já tinham baixado para 18 e, a partir de sábado, “haverá mais recuperados”.
“Ao fim destes 15 dias, se os números baixassem, continuávamos com o desconfinamento. Se os números continuassem a subir, então teríamos que tomar uma atitude”, defendeu.
Rogério Abrantes mostrou-se preocupado com o setor da restauração, uma vez que há muitos estabelecimentos do concelho que nem sequer têm hipótese de montar uma espanada.
“E o `take away` aqui no Carregal do Sal praticamente não existe”, contou o autarca, lembrando que, neste contexto, os restaurantes do concelho “estão há cinco meses praticamente fechados, com consequências muito grandes”.
A generalidade de Portugal continental avança na segunda-feira para a terceira de quatro fases do plano de desconfinamento, mas há quatro concelhos que recuam à primeira fase e seis que se mantêm com as atuais medidas, anunciou o Governo.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro tinha anunciado que eram sete os municípios que não avançavam para a terceira fase, por terem tido uma incidência de mais de 120 casos de covid-19 por 100.000 habitantes nos últimos dois períodos de avaliação, mas uma nota da Direção-Geral da Saúde divulgada hoje retificou a incidência cumulativa da doença nos últimos 14 dias em Beja, para 107 casos por 100.000 habitantes, pelo que este concelho pode assim continuar para a terceira fase, segundo o ministério da Saúde.
As diferentes decisões sobre a aplicação do plano de desconfinamento, no âmbito da pandemia de covid-19, considerando o mapa de risco dos 278 concelhos do território continental português, entram em vigor “a partir de segunda-feira”, afirmou na quinta-feira o primeiro-ministro, António Costa, no final da reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.
Por registarem, pela segunda avaliação quinzenal consecutiva, uma taxa de incidência de casos de covid-19 acima de 240 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, os concelhos de Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior recuam para a fase anterior do plano de desconfinamento, ou seja, regressam à primeira fase, que foi implementada a partir de 15 de março.
Sem avançar, mas sem retroceder no plano de desconfinamento, os concelhos de Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela mantêm-se na segunda fase, que se encontra em vigor desde 05 de abril, porque registam uma taxa de incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
A próxima avaliação do plano de desconfinamento será feita daqui a 15 dias e a expectativa do Governo é a de que os concelhos de maior risco possam estar numa situação diferente, com uma redução da taxa de incidência, que permita avançar para a próxima fase.
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