A pop minhota de Carluz Belo respira por entre as árvores do Pinhal de Ofir. Desde muito pequeno que o artista natural da Vila de Fão, em Esposende, se sentia fascinado por muitas das melodias que escutava na TV: desde genéricos de programas, a canções infantis, anúncios publicitários e claro o Festival RTP da Canção e da Eurovisão.
Quase tudo era pretexto para fazer ligações entre a TV e a aparelhagem sonora dos pais, com a finalidade de gravar essas mesmas melodias para cassetes e poder escutá-las quando quisesse.
Carluz ficava intrigado a tentar adivinhar qual o instrumento musical responsável por cada som, dentro de cada canção.
Aos 12 anos foi-lhe oferecido um pequeno piano para que pudesse explorar essa aptidão, mas o músico sempre recusou a sugestão dos pais de o inscreverem numa escola de música – por não desejar que esse interesse musical pudesse ser domado por regras escolares.
Ao longo do seu crescimento, a presença da guitarra portuguesa nos braços do avô paterno Mário Belo serviu também como banda sonora, alegrando sempre as festas e serões em família.
Foi aos 15 anos que sentiu pela primeira vez a paixão pelo palco, quando se juntou ao clube de teatro da escola secundária de Esposende. Participou em várias peças como ator, incluindo “Felizmente Há Luar” de Luís de Sttau Monteiro e escreveu “Lusíadas: Versão Virtual” – uma divertida adaptação da epopeia, para o público infantojuvenil.
Algumas destas peças de teatro foram alvo de pequenas digressões por escolas do norte do país. Aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde se licenciou em design gráfico.
Durante estes 5 anos foram várias as suas experiências de palco, enquanto lhe surgiam as primeiras melodias originais – que lhe vinham ao espírito, muitas vezes com poemas já incluídos.
Além de ter finalmente decidido entrar numa pequena escola de música no Porto, abraçou vários projetos musicais locais que lhe permitiram pela primeira vez apresentar-se ao público enquanto músico e arrecadar alguns prémios como compositor.
Chegou a pertencer ao mesmo tempo a um coro de jovens católicos e a uma banda de garagem focada no pop/rock. Estas experiências levaram-no a tocar em Esposende, Guimarães, Ílhavo, Lisboa, Almada e Setúbal – quase sempre como vocalista e sempre como compositor. Ainda durante o período da sua licenciatura, frequentou aulas de dança contemporânea durante um ano e acabou por se juntar ao TUP – participando como ator em duas produções teatrais, entre 2004 e 2005.
Um dos pontos altos da sua vida universitária foi a sua apresentação como solista do coro “Gospel Rhythms Society” da Coventry University, no espetáculo de Natal 2005, no Reino Unido.Esta estadia nas Ilhas Britânicas pelo programa Erasmus, foi basilar para o ajudar a compreender o sentido da sua Portugalidade e o desejo de se tornar músico por inteiro.
Carluz terminou a faculdade e fechou assim um ciclo, rico em diversas experiências artística. Em 2006, decidido a enveredar mais seriamente na música, ruma a Lisboa para aprender Produção Musical, num curso técnico de um ano, do qual foi o melhor aluno.
Fruto do trabalho realizado ao longo desse ano escolar na ETIC, envia em 2007 uma canção para a RTP e oferece-se para participar no certame dos certames: o Festival RTP da Canção. Em 2008 foi então convidado a participar no 44º Festival RTP da Canção como produtor e cantautor, onde apresentou o tema “Cavaleiro da Manhã”, focado na Lusofonia.
A experiência televisiva levou-o a apresentar-se no Teatro Camões em Lisboa e a conhecer um pouco do outro lado da caixinha mágica.Esta vivência impulsionou-o a consolidar os seus conhecimentos musicais, com 3 anos de estudos no JB Jazz Clube – especializando-se em voz pela mão da Prof. Raquel Marques e tendo uma apresentação final ao público no Vinyl Bar, em Lisboa.
Em 2012 regressa ao Minho em busca da sua verdade musical. Volta a explorar o seu lado de ator, experimenta ser sonoplasta e produz e apresenta o seu próprio programa de rádio “No Rasto dos Dias”, na rádio local.
Sem nunca deixar de cantar e compor, apresenta em 2014 uma série de concertos de versões com o seu irmão, o teclista Joel Belo, em vários espaços no Minho. A sua participação no 4º Festival de Música Moderna de Amares – Tributo a António Variações 2014 – mereceu-lhe o prémio do júri, de melhor versão do Variações, com o tema “Estou Além”.
Em 2016 conhece o produtor Pedro Saraiva e juntos começam a explorar mais a fundo a arte do músico. Em 2017 lança os singles “O Mundo Que Nos Foge” (com poema de Al Berto) e “Ao Virar de Cada Esquina”.
No Verão de 2017 realiza uma primeira apresentação em Esposende com alguns dos temas que farão parte do seu primeiro disco, que continua em produção até final de 2018. Em 2020 lança o seu terceiro single “Folhas Secas”.
Carluz Belo é constantemente influenciado pelos mais diversos fragmentos musicais, que são muitas vezes filtrados e metamorfoseados pela sua principal e inesgotável fonte de inspiração – o seu lugar de todas as emoções – a Praia de Ofir.
Encantado com a diversidade de sabores e aromas que o género “canção” consegue abranger, Carluz persegue o seu fascínio pela música, sempre acompanhado pela língua das rimas de Camões e Variações.
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