O Museu da Misericórdia de Viseu tem patente uma exposição com fotografias de Caminhos de Santiago em Portugal, esculturas de arte sacra de antigos peregrinos, como a Rainha Santa Isabel, e um espaço dedicado às crianças e ao ambiente.
“É uma exposição sensitiva, porque é possível ouvir sons do ambiente, como água a correr, passarinhos e vozes reais de peregrinos. É também muito rica, com conteúdos diversificados e muito interativa com o público”, revelou à agência Lusa o diretor do Museu.
Henrique Almeida acrescentou que as pessoas são desafiadas a “participar de diversas formas” e, a título de exemplo, disse que “as fotografias não têm legendas, só números, para que cada um dos visitantes possa escrever no quadro a sua própria legenda pela forma como a fotografia comunicou com ele”.
Assim, “Peregrinar… nos Caminhos de Santiago” apresenta uma mostra de 40 fotografias de António Soares Mendes feitas em diversos caminhos portugueses” e, em destaque, precisou, “está uma parte do caminho do interior, entre Viseu e Lamego”.
Um caminho que liga duas igrejas do estilo barroco, o da Misericórdia em Viseu e o da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, e, por isso, está em “destaque e o público é convidado a descobrir mais sobre estas duas igrejas”.
Além das fotografias estão também patentes “esculturas de arte sacra”, como, por exemplo, o São Teotónio, padroeiro da Diocese de Viseu, e a Rainha Santa Isabel, isto, porque “são representações dos peregrinos do clero e da realeza e há também um peregrino a simbolizar o povo”.
“No fundo, queremos transmitir que, independentemente do estatuto ou da classe na sociedade, todos são peregrinos, como foram São Teotónio e a Rainha Santa Isabel que, segundo documentos, fez o caminho de Santiago enquanto rainha e, uma segunda vez, fê-lo de forma despojada do título, de forma anónima”, contou.
Henrique Almeida adiantou que o Museu da Misericórdia tem ainda “vídeos, jogos de palavras” e um espaço dedicado aos mais pequenos, onde “estão expostos desenhos que foram recuperados de uns trabalhos feitos há dois anos, sobre as obras da Misericórdia, que são 14, sete espirituais e sete corporais”.
“E o papa Francisco desafiou a criação de uma 15.ª obra, a de cuidar do meio ambiente e é isso que vamos desafiar as crianças a fazer. Vamos sensibilizar para esta 15.ª obra, numa atitude pedagógica, ao pedir-lhes para a ilustrarem”, revelou.
Uma exposição que, para Henrique Almeida “tinha de acontecer agora, já que 2021 é um Ano Santo, é o Jacobeu, uma vez que o dia em que se celebra São Tiago, 25 de julho, calha a um domingo”, ou seja, o último Ano Santo aconteceu há 11 anos e o próximo será daqui a sete anos.
Uma mostra que acontece “num ano tão especial para os peregrinos” e que “valoriza não só a cidade de Viseu para quem visitar a exposição, como também a história da própria Misericórdia”.
“Na Idade Média, as Misericórdias tinham um papel muito importante junto dos peregrinos, quer enquanto albergues, como a ajudar nas feridas próprias dos caminhantes e até a passarem certificados das suas presenças”, sublinhou.
Até fevereiro de 2022, haverá também diversas iniciativas, como conferências relacionadas com os Caminhos de Santiago, nas “suas múltiplas abordagens”.
A exposição conta com a parceria do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu, que “cedeu algumas das obras de arte sacra” e tem o Alto Patrocínio do Presidente da República.
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