O presidente da Câmara Municipal de Lamego acusou hoje a Transdev de suspender a carreira pública entre a sede do município e Bigorne, sem aviso prévio, afetando cerca de 100 crianças no transporte para a escola.
“A empresa Transdev procedeu hoje à suspensão, sem aviso prévio, da carreira pública Lamego-Bigorne-Lamego, nos horários correspondentes aos transportes escolares e que serve cerca de 100 crianças”, afirmou Francisco Lopes.
O autarca social-democrata disse à agência Lusa que “o problema está a ser resolvido e se pela manhã as crianças foram transportadas pelos pais e encarregados de educação, à tarde, o seu regresso a casa é assegurado pela autarquia”.
Segundo o autarca, “esta carreira, que estava contratualizado através da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, era um circuito atípico contratualizado entre a Câmara e a CIM, mas o circuito é municipal, não sai dos limites do concelho” de Lamego.
Francisco Lopes explicou que a CIM Douro “atribuiu esse serviço à Transdev, porque já faz a carreira intermunicipal e inter CIM entre Lamego e Castro Daire”, município que pertence à CIM Viseu Dão Lafões.
“Este circuito estava sujeito a um pagamento de uma compensação adicional que o Município de Lamego entendeu que não se ajustava, porque não fazia sentido, e nem concordávamos com o valor e comunicámos isso à CIM há umas semanas e hoje a Transdev surpreendeu-nos com esta suspensão de forma unilateral, sem qualquer aviso de que o ia fazer”, contou.
O presidente da autarquia considerou que a questão dos transportes “é muito complexa e, em Portugal, está muito mal organizada e não funciona bem” e “passa por centenas de entidades gestoras”, entre municípios e várias CIM, como acontece nesta região com as CIM Douro, Viseu Dão Lafões e Tâmega e Sousa.
Assim, no entender de Francisco Lopes, “o que devia ser uma rede única e coerente e, sobretudo, sob a tutela da mesma entidade, passou a ser uma manta de retalhos”, uma vez que está “sujeita a autorizações administrativas de várias entidades”.
Neste caso em concreto, referiu, “a Câmara de Lamego tinha delegado na CIM Douro uma carreira municipal e sobre a mesma estrada existe uma carreira inter CIM que liga Lamego a Castro Daire”, da CIM Viseu Dão Lafões.
“Ou seja, quem estava a negociar esta carreira e a dar a licença de circulação era a CIM Douro, mas quem ia pagar era o Município de Lamego e foi esse o desacerto que tivemos, quando a solução era muito simples, a partir do momento em que há uma carreira intermunicipal, com licença passada pela CIM Douro e Viseu Dão Lafões, para que circulem” autocarros na via, defendeu.
“Nós temos o direito de utilizar essas carreiras com os nossos alunos, pagando o passe escolar, o problema é que o operador diz que não chega e que temos de pagar mais não sei quantos mil euros e essa foi a discussão”, assumiu.
No entanto, “eles não suspenderam todos os transportes, continuam a fazer a ligação a Castro Daire” e o que a Transdev suspendeu, “em exclusivo, foi os que servem estes alunos para Lamego, porque entendiam que só os passes escolares não eram suficiente”.
Para já, assumiu Francisco Lopes, “o transporte está assegurado, no mesmo horário, através da contratualização com uma outra empresa, em regime de circuito especial, ou seja, em prestação de serviço ao município, até à resolução do problema”.
A agência Lusa contactou a Transdev, mas a empresa ainda não respondeu.
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