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Cage, Otte e Satie “encontram-se” no palco do Teatro Viriato, em estreia mundial

Os compositores John Cage, Hans Otte e Erik Satie, interpretados por três pianistas, vão encontrar-se sexta-feira no palco do Teatro Viriato, em Viseu, para a estreia mundial do espetáculo de teatro musical “J-CHOES – J’ai faim”.

Este encontro não pôde acontecer na realidade, visto que Erik Satie morreu em 1925, mas foi agora possível em palco, no âmbito do espetáculo que encerra o Festival Hans Otte: Sound of sounds, promovido pelo Goethe Institut de Portugal.

“No fundo, o que se pretendeu fazer em palco foi uma homenagem aos três compositores”, explicou aos jornalistas a pianista Joana Gama, que interpreta Hans Otte ao lado de Margaret Leng Tan (John Cage) e de Ingo Ahmels (Erik Satie).

Num espetáculo em que o diálogo é mínimo, apenas o necessário para criar um ambiente poético, Joana Gama, Margaret Leng Tan e Ingo Ahmels tocam música de John Cage, Hans Otte, Erik Satie, Arnold Schönberg e Ingo Ahmels.

Segundo Joana Gama, Hans Otte e John Cage “eram muito amigos, apreciavam a música um do outro e ambos tinham uma admiração pela música de Erik Satie”.

O ponto de partida do espetáculo é precisamente uma fotografia dos dois, tirada numa festa na casa de alguém, em 1991, um ano antes da morte de John Cage.

A fotografia mantém-se em palco enquanto os dois amigos preparam um repasto de vários pratos: Bach, Schumann, Schubert, Satie, Stravinsky e Cage.

A encenadora Lou Simard (Canadá) contou que a primeira ideia de Ingo Ahmels (Alemanha), que consigo criou o espetáculo, foi fazer uma ligação entre os dois amigos que envolvesse comida, mas sem ir pelo caminho mais óbvio, como, por exemplo, que Cage era obcecado por cogumelos.

“Tornou-se claro que eles comiam música”, frisou Lou Simard, acrescentando que, na parte final do espetáculo, Satie, que os inspirou, regressa à vida, desce de um escadote, faminto, e se junta a Cage e Otte na sua festa culinária de notas musicais.

Segundo Joana Gama, John Cage ficou fascinado com a música de Satie e começou a divulgá-la, tendo sido “responsável por se falar de Satie nos tempos atuais”.

No espetáculo, é mostrado um lado teórico da história da música que está associado ao John Cage: o conceito de piano preparado, que consiste em colocar elementos dentro do piano que alteram o som.

Também Hans Otte “dedicou muito tempo a divulgar a obras de outros compositores, em detrimento da sua, e é quase como se agora se esteja a fazer justiça e a divulgar a música dele, mesmo ele já não estando cá”, acrescentou a pianista portuguesa.

 

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