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Associação de Santa Comba Dão vai à AR esclarecer projeto de criar um “Museu Salazar”

A associação de desenvolvimento local Adices vai apresentar, esta terça-feira, o projeto da rede de centros interpretativos à Comissão de Cultura e Comunicação da Assembleia da República e esclarecer que nunca teve intenção de criar um “Museu Salazar”.

Na audiência, pedida pela Adices, será apresentado o projeto da rede, constituída por cinco núcleos, distribuídos pelos concelhos de Carregal do Sal, Penacova, Seia, Santa Comba Dão e Tondela.

“Tendo presente a realidade histórica da região, esta associação, em conjugação com outras entidades, tem vindo a trabalhar num projeto agregador do potencial turístico do seu território de intervenção, visando a criação de uma rede de centros interpretativos ligados à história e memória política da primeira República e do Estado Novo”, explica.

No Vimieiro, no concelho de Santa Comba Dão, está prevista a criação do Centro de Interpretação do Estado Novo, que tem motivado críticas.

Ainda na terça-feira, a petição contra a construção do museu sobre Salazar abriu um debate aceso e emotivo, no Parlamento, contra a ideia de tornar Santa Comba Dão (distrito de Viseu) “numa romaria de Fátima” para lembrar o ditador.

A discussão na comissão parlamentar de Cultura teve como ponto de partida a petição da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), com mais de 11 mil assinaturas, contra a construção do museu na terra de Salazar, e uniu os deputados mais à esquerda, PCP e BE.

A Adices argumenta que o projeto da rede de centros interpretativos se suporta na História e “visa potenciar a coexistência, no território de atuação da parceria, de um conjunto de recursos de enorme valor na memória de Portugal e da Europa, que são determinantes, nesta estratégia de desenvolvimento local, como fortes fatores imateriais de competitividade de natureza coletiva”.

Esta rede “não pretende constituir-se como depósito ou repositório de objetos pessoais de algumas das figuras do tempo histórico retratado, mas um espaço de divulgação isenta de factos históricos enquadrados na linha do tempo, da sua época, não só no espaço nacional, como mundial”, sublinha.

No entender da Adices, “é proporcionando informação no âmbito social, político, económico e cultural” que melhor se pode ter conhecimento da história coletiva.

“É nossa convicção, também, tudo fazer para que o presente não seja semelhante ao passado, pelo que importa apresentar de forma isenta um importante período da nossa história que não pode ser apagado”, acrescenta.

O objetivo é ter “um conjunto de espaços de divulgação histórica sem vocação ideológica” e, para isso, a Adices estabeleceu um protocolo com o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, que ficou responsável pelo suporte científico do projeto.

Os vetores nucleares da rede serão o Centro de Interpretação da Primeira República/Casa-Museu António José de Almeida (Vale da Vinha, Penacova), o Centro de Interpretação do Estado Novo (Vimieiro, Santa Comba Dão), o Centro de Interpretação do Antissemitismo e do Holocausto/Casa-Museu Aristides de Sousa Mendes (Cabanas de Viriato, Carregal do Sal), o Centro de Interpretação da Estância Sanatorial do Caramulo (Caramulo, Tondela) e o Centro de Interpretação da Primeira República/Afonso Costa (Seia).

Paralelamente, ocorrerá a reabilitação e reutilização de cinco edifícios (duas ex-residências familiares, duas ex-escolas e um edifício público), bem como a salvaguarda e rentabilização social de outro património cultural material (integrado e móvel) e imaterial.

 

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