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Antiga escola primária de Macieira abre-se a residências artísticas em cenário de montanha

A antiga escola primária de Macieira, em São Pedro do Sul, foi restaurada e passou a ser uma casa particular aberta a residências artísticas, adiantou a dupla de curadores responsáveis pelo projeto, que em breve recebe a primeira artista residente.

“As datas ainda não estão fechadas, estamos a apontar para maio a junho, mas estamos a ver um pouco como vai evoluir esta questão epidemiológica”, assumem Rita Castro Neves e Daniel Moreira, à agência Lusa, que recuperaram o edifício da escola, em zona de montanha.

Esta residência artística “é a primeira a acontecer na escola da Macieira” e quem a vai ocupar, contam, “é Tânia Dinis, uma minhota que trabalha muito com cinema, performance e cresceu em meio rural, e muito do seu trabalho é à volta da avó, portanto, é muito sobre a vivência rural”.

A data da residência não está fechada, porque Tânia Dinis “interage muito com as pessoas, e o trabalho dela é muito fruto dessa convivência” que “irá acontecer ali, no concelho de São Pedro do Sul, com aquelas pessoas que ali vivem”, junto da Escola da Macieira, um antigo estabelecimento de ensino primário que é agora uma residência.

“Começou tudo, porque nos apaixonámo-nos pelo lugar e pela oportunidade de recuperar algo que também é património. O nosso trabalho tem muito a ver com estas questões da serra e da ecologia, território, preservação ambiental e, portanto, havia esta ideia de não estarmos sempre no Porto e andarmos por outros locais”, reconheceram.

Esta dupla de artistas plásticos, a que Daniel Moreira junta a arquitetura e Rita Castro Neves a docência na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde residem, tem também “algum trabalho de curadoria”, e “há uns tempos” encontraram num leilão público oito antigas escolas primárias, da construção da ditadura do Estado Novo, mandada edificar por António Salazar.

Entre as oito em leilão, a dupla adiantou à agência Lusa que esta, da Macieira, era a que se encontrava “em pior estado, em ruínas, só com as paredes de pedra, porque estava desativada há muito tempo”. Sem qualquer raiz familiar na região, admitem que foi a “paixão imediata pelo lugar e pela paisagem” que os moveu.

“Gostámos muito desta ideia de escola primária. Aliás, a minha primeira grande instalação foi na minha escola primária aqui no Porto. E sempre tivemos esta paixão, porque são memórias muito tensas”, assume Rita Castro Neves.

Movidos pela paixão, Daniel Moreira conta que começaram a reconstrução e requalificação do espaço, “sempre com a ideia de manter a tipologia e o aspeto da construção, porque quem olhasse teria de ver a escola como ela era”.

De uma escola antiga fizeram “uma grande instalação”, com “tudo pensado ao pormenor, desde os puxadores das portas e dos armários, aos caixilhos das janelas que, sendo duplos e com isolamento, mantém a traça igual” ao original.

“Foi uma adaptação muito mínima a de a adaptar à habitação. Não construímos uma única parede, a casa de banho é uma caixa de madeira. As caixilharias são novas, com vidros duplos e isolamento, mas têm o mesmo desenho e tipo de madeira”, acrescentou.

No exterior, “como o terreno é inclinado, é uma escarpa, foram feitos muros de contenção, “onde já há vegetação e está também um contentor marítimo que é agora um pequeno atelier, porque era necessário ter um espaço de trabalho”, assumiu Daniel Moreira.

Com residências artísticas um pouco por todo o mundo, Rita e Daniel defenderam que “fazia sentido criar um espaço para outros artistas poderem beneficiar ou mesmo partilhar”, à semelhança do que fazem, e “é graças a essas experiências que o trabalho tem evoluído e crescido”.

“Aquele meio da serra, das montanhas mágicas, com todos aqueles trilhos marcados… Para nós fazia sentido fazer este projeto e convidar artistas que também trabalhem estas questões como a cultura serrana, na cultura popular e rural, nesta questão voltada para o território e para o conhecimento rural e da alta montanha serrana”, que é o foco de trabalho de ambos.

Assim, de uma antiga escola fizeram a sua residência alternativa disponível para residências artísticas e, após o lançamento da página oficial na internet da Escola da Macieira, “há uns dias”, não escondem que lhes “agrada a ideia” de “num futuro próximo” fazerem o mesmo, “quem sabe numa casa do guarda ou numa casinha de xisto”.

O projeto pode ser visitado em www.escolademacieira.com.

 

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