Os trabalhos da comissão sub-regional de gestão de fogos rurais de Viseu Dão Lafões foram suspensos, anunciou hoje o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da região.
“A proposta foi de suspender ao nível técnico os trabalhos da comissão sub-regional de gestão integrada dos fogos rurais de Viseu Dão Lafões e foi aprovada por todos os 14 autarcas da CIM”, disse Fernando Ruas.
Esta decisão da CIM Viseu Dão Lafões “equivale a não aceitar nenhuma responsabilidade nisto até haver uma definição espacial das faixas de gestão de combustível e dos edifícios isolados”, explicitou.
“É para isto que não temos orientações. Não sabemos qual é a metodologia que se segue nas faixas de combustível nem para os edifícios isolados e isso não pode ser da responsabilidade das câmaras, com cada uma a tratar à sua maneira”, sustentou o autarca.
O também presidente da Câmara Municipal de Viseu, que falava hoje aos jornalistas, adiantou que a decisão foi tomada na quarta-feira, na reunião da comissão, e resultou de uma proposta do presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira.
A suspensão foi aprovada pelos 14 autarcas da CIM e pelo comandante do Comando Sub-regional Viseu Dão Lafões, com sete votos contra dos cinco destacamentos da GNR, do Regimento Instituto de Infantaria 14 e do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), enquanto as restantes entidades se abstiveram.
“Esta responsabilidade para a gestão dos fogos, que era assacada às autarquias, tem de ser harmonizada de cima, as regras têm de ser iguais para todos, não pode cada um fazer à sua maneira”, afirmou.
Fernando Ruas esclareceu que a CIM Viseu Dão Lafões “pediu ‘n’ vezes a posição” sobre determinadas matérias, como, por exemplo, “a gestão de combustível nas vias e em casas isoladas”.
“O senhor presidente da AGIP [Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais] acha que cada um fará como entender, que o território é diferente e os presidentes de câmara entenderam que não. Não concordamos com isso”, afirmou.
Neste sentido, o autarca relatou que, na reunião da CIM, fez uma “comparação elucidativa”: “É como num campeonato nacional de futebol, se cada um fizesse as suas regras, como é que seria nos jogos em casa e fora” do clube, indagou.
“As orientações têm de ser as mesmas! É um lugar-comum dizer-se que os fogos não conhecem fronteiras e de facto não conhecem” – como será se “um fogo passar para a CIM Serra da Estrela que pode ter outras orientações?”, questionou.
Assim, a comissão “suspende com efeitos imediatos os seus trabalhos e até à obtenção de uma resposta [sobre as questões colocadas pela CIM] da comissão nacional de gestão de fogos rurais”.
“Tem de haver respostas e a consequente indicação de qual a metodologia a seguir. Se há uma comissão nacional, qual é o problema de darem orientações?”, insistiu.
A definição que a CIM “exige é saber o que é um fogo isolado” e “o que é um edifício isolado”, em especial na região de Viseu e Dão Lafões, onde “há muitas casas mais isoladas, no meio de quintas e tem de haver uma cartografia uniforme”.
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