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Câmara de Viseu quer Mercado 2 de Maio ocupado por restaurantes

A Câmara Municipal de Viseu pretende que o Mercado 2 de Maio, situado no centro da cidade e cujas obras de requalificação devem estar concluídas no verão, seja sobretudo dedicado à restauração.

“Todas as lojas que estiverem livres e todas as que fizemos a mais com essa intenção são para disponibilizar para a restauração”, disse hoje aos jornalistas o presidente da autarquia, Fernando Ruas (PSD), no final da reunião do executivo camarário.

Fernando Ruas decidiu aproveitar a reunião para informar os vereadores e a população desta decisão, que será também divulgada em edital, para que os empresários da restauração possam atempadamente pensar nessa possibilidade.

Segundo o autarca, o objetivo do anúncio de informar o que o executivo pretende fazer no Mercado 2 de Maio e “dar oportunidade a todos os restaurantes de Viseu de dizerem o que é que querem”.

“Fazer um mercado da restauração é a melhor utilização que podemos dar” àquele espaço requalificado, considerou, acrescentando que pretende que aquela zona nobre da cidade tenha algo “com muita qualidade”.

O objetivo é ter no Mercado 2 de Maio “uma âncora com relevo nacional” e que “os restaurantes de marca” de Viseu aí instalem balcões.

Tudo isto “sem prejuízo das pessoas que têm compromisso com a câmara” para algumas lojas, mesmo sendo de outras áreas de negócio, esclareceu Fernando Ruas.

Segundo o autarca, há uma “grande preocupação” com o espaço exterior às lojas.

“Temos que conciliar aquele espaço arborizado com as magnólias, que ficam até com um realce diferente por baixo dos painéis (da cobertura), com um eventual espetáculo”, explicou.

No seu entender, as magnólias ficam valorizadas com a polémica cobertura do mercado que, no início de 2021, motivou a contestação de dirigentes culturais, historiadores e arquitetos.

Numa carta aberta, nomes como Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, José Mateus, Nuno Sampaio, André Tavares e Francisco Keil Amaral exigiam ao então presidente da câmara, Almeida Henriques, a revogação da decisão de executar o projeto de alteração e cobertura do Mercado 2 de Maio.

Os signatários consideravam que o projeto de cobertura constituía “um grave e inadmissível atentado patrimonial e urbanístico”, referindo que, “num desrespeito despudorado pelo trabalho autoral e pelo património da cidade”, o executivo camarário “ignorou os arquitetos Álvaro Siza e António Madureira, autores do projeto executado nos anos 90 do século XX”.

Aquele espaço foi inaugurado em maio de 1879 e sofreu alterações em 1914, nas décadas de 20, 40, 70 e 90. A mais polémica ocorreu entre 2000 e 2002, quando deixou de ter a utilização de mercado municipal.

A obra em curso – que contempla a cobertura para utilização 12 meses por ano, a reabilitação de lojas e respetivos telhados e a instalação de sistema de climatização – representava inicialmente um investimento global de 4,3 milhões de euros, mas que, segundo Fernando Ruas, já terá aumentado para mais de cinco milhões de euros (com a revisão de preços).

“Fizemos um pedido de empréstimo bancário para revisões que está perfeitamente desatualizado. Este processo de revisões é geral e é uma surpresa”, lamentou.

 

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