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Estudo na região Viseu Dão Lafões revela excesso de peso e mais de 50% de crianças com cáries

Quase 40% das crianças do primeiro ciclo está com excesso de peso e mais de 50% tem prevalência de cáries na região de Viseu Dão Lafões, segundo dados do projeto pioneiro “comer bem sorrir melhor”, foram esta segunda-feira revelados.

Em mais de 5.600 alunos do primeiro ciclo de ensino dos 14 municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, do primeiro ao quarto ano, 2.395 já foram visitados no âmbito do projeto “comer bem sorrir melhor”, que arrancou em 02 de maio deste ano.

“Destes, 39,2% tem excesso de peso, pré-obesidade ou obesidade, muito semelhante aos dados nacionais, e 51% está com prevalência de cáries, uma percentagem mais alta que os dados do país”, disse a coordenadora do projeto.

Maria Llanes, médica dentista, adiantou que o projeto começou com uma “avaliação aos alunos sobre os seus conhecimentos e hábitos do dia a dia”, nas duas áreas abrangidas, a de nutrição e da medicina dentária.

“A falta de literacia que foi encontrada nos questionários não é toda igual e esse tem sido um dos maiores desafios, a da lacuna do conhecimento e a de se perceber a forma como a mensagem nas campanhas são recebidas, que não é toda igual”, especificou.

Esta responsável referiu que “algumas crianças já têm alguma literacia e outras estão menos educadas”. Maria Llanes disse saber que “os que estão melhor vão ganhar mais e interiorizar melhor os conhecimentos, ou seja, ganham mais que os outros”.

“Inadvertidamente aumentam as desigualdades na saúde e é crucial que as intervenções públicas e sociais nestas áreas sejam feitas de forma individual, para assim combater a desigualdade e, consequentemente, combater a pobreza”, justificou.

Ao longo do primeiro meio ano de projeto, contabilizou a coordenadora, já foram entregues 2.710 escovas, 2.477 pastas e 2.571 colutórios (elixir bocal) às crianças que o projeto visitou, com a respetiva carrinha, que está nestes dias em Nelas.

No final da apresentação, Maria Llanes explicou, à agência Lusa, que o projeto “passa um guia terapêutico que entrega às crianças sinalizadas com cáries ou risco de cáries nos próximos dois anos”, recebendo estas “um cheque dentista”.

“Na área da saúde oral, onde, por enquanto, temos mais resposta”, os pais são informados sobre o seu educando, que não tendo “idade para receber o cheque dentista, tem direito a que o médico de família emita um e essa informação é muitas vezes desconhecida”, notou.

Isto, acrescentou, “para aproveitar respostas existentes”, como na área da nutrição, uma vez que “há agrupamentos onde nem existem nutricionistas e é necessário reverter isso e perceber, onde há, se estão a trabalhar com as escolas na confeção das refeições”.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, que lançou o desafio à CIM Viseu Dão Lafões, sublinhou que, “atualmente, há mais duas CIM interessadas em acolher este projeto” e desafiou as autoridades a alargá-lo a todo o país.

“É importante potenciar o conhecimento para o resto do país na dimensão da saúde, nutricional e oral, mas também com o impacto social que este projeto causa e, para a mudança comportamental, que é o desafio da inovação social”, defendeu.

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, destacou as percentagens apresentadas, para manifestar a sua preocupação e, nesse sentido, considerou que “o desafio é a urgência em trabalhar de mãos dadas”.

“E a urgência de ir para o terreno, com profissionais com competências para o efeito, que agora está nas mãos dos municípios, como a integração de nutricionistas e médicos dentistas nos seus quadros”, realçou.

A secretária de Estado da Promoção da Saúde elogiou o projeto, disse que ouviu “muito bem todos os recados” e considerou que a criação da Secretaria de Estado que tutela foi “um passo” na “importância da prevenção” na saúde, assim como a descentralização de algumas competências.

“Precisamente para aproximar as respostas para onde são necessárias e por quem melhor conhece a comunidade. (…) Para tornar a vida dos nossos cidadãos mais longa e, além de mais longa, com mais saúde”, defendeu Margarida Tavares.

No seu entender, “uma pessoa com uma alimentação saudável, com um bom peso corporal e com um sorriso bonito é uma pessoa em vantagem na sociedade, em todos os aspetos, sociais e económicos, com um futuro bem mais risonho”.

Lusa

 

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