O secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, mostrou-se hoje convicto de que a modernização da Linha da Beira Alta “vai marcar gerações de cidadãos e de empresas”, apesar dos constrangimentos que implica.
Ao intervir num seminário em Mangualde, Hugo Mendes falou no “tipo de constrangimentos que só os responsáveis de grandes projetos e obras conhecem e que são obrigados a responder, a resolver e a ultrapassar”, contrariamente ao que fazem aqueles que se limitam criticar os atrasos.
“Há um lado positivo nesta longa espera, que é a promessa de uma certa perenidade: a de que as transformações que estamos a imprimir na paisagem, no território, nas soluções de mobilidade e de competitividade do país são verdadeiramente duradouras, porque perdurarão por muitas décadas”, frisou.
Segundo o secretário de Estado, a Linha da Beira Alta – que está cortada desde o dia 19, por um período estimado de nove meses – “é, neste momento, uma espécie de microcosmo do que se passa na rede ferroviária nacional”.
“Com 85% do investimento do Ferrovia 2020 já concluído ou em fase de empreitada, há obras a correr nos principais corredores ferroviários do país, em todas as regiões: na Linha do Norte, na Linha do Oeste, na Linha do Algarve e na nova Linha Évora/Elvas”, afirmou.
Na Linha da Beira Alta decorrem obras de modernização e de aumento de capacidade que representam um investimento de mais de 500 milhões de euros.
Hugo Mendes explicou que, “a partir do final de 2023, vão nela poder circular comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento, o que representa um aumento de 40% na capacidade de transporte da Pampilhosa a Vilar Formoso”.
“E não só o transporte de mercadorias passará a ser mais eficiente e eficaz, como será também mais seguro, o que será garantido através da instalação do sistema de sinalização ETCS”, sublinhou.
O secretário de Estado destacou também a importância da construção da concordância da Mealhada, “que irá eliminar a necessidade de inversão dos comboios na Pampilhosa” quando têm origem ou destino nos portos de Aveiro e de Leixões.
“A articulação dos investimentos nos portos com a Ferrovia 2020 é de enorme importância para nós”, realçou, acrescentando que, “no caso do Corredor Internacional Norte, os portos de Leixões e de Aveiro estão a preparar-se para maiores volumes de importações e exportações por via marítimo-ferroviária”.
Segundo Hugo Mendes, em Leixões, “a dinamização do porto seco da Guarda, o assumir da gestão de uma das linhas ferroviárias com acesso ao porto que se encontrava sob gestão da Infraestruturas de Portugal, o investimento na estação intermodal de Leixões e a construção de um novo viaduto ferroviário” permitirão “o reforço da capacidade de movimentação de carga através do transporte ferroviário”.
Já no porto de Aveiro, “o investimento na ampliação do terminal intermodal vai reforçar o peso relativo dos fluxos ferroviários dirigidos ou originários no porto ao longo do Corredor Internacional Norte”, acrescentou.
O responsável sublinhou a importância de iniciativas como o seminário de hoje e apelou à participação dos vários parceiros.
“Somos um país pequeno de mais e com recursos de tal forma exíguos para as nossas necessidades para que as grandes opções possam ser tomadas sem ter em conta a opinião de todos os interessados e sem que olhemos a mobilidade do país de forma integrada, coordenando não apenas ferrovia e rodovia, mas também o setor portuário”, considerou.
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