O Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, em Mangualde, monumento nacional desde 2002, vai continuar a ser intervencionado, sendo agora a prioridade a cobertura do imóvel, anunciou hoje a secretária de Estado da Cultura.
“Nesta intervenção estamos a falar no valor de 500 mil euros, mas que terá de ser seguida de outras intervenções”, porque este não dá, “nem de perto, nem de longe, [para] fazer face a todos os problemas de que este mosteiro ainda padece”, disse Ângela Ferreira.
A secretária de Estado da Cultura participou hoje numa visita de trabalho às obras de recuperação, iniciadas em outubro de 2020, do Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, monumento nacional desde 2002, e que necessita de mais intervenções.
“Para já ao nível da igreja, de contenção das abóbadas, de pinturas e de restauro de alguns materiais, limpeza das pedras, etc., mas depois há todo o restante da parte do mosteiro que vai ter de ser alvo de intervenção também para contenção e ao nível das coberturas”, descreveu.
Ou seja, continuou a governante, ainda estão em causa “bastantes intervenções, que ficam, no fundo, pendentes do próximo quadro comunitário de apoio”, mas sem que se possa ainda “avançar um valor ao certo”.
Uma importância que Ângela Ferreira atribuiu “ao valor deste monumento nacional e onde ele se insere e a importância que ele tem para o concelho de Mangualde e para o património do país”,
“Estamos a falar, apesar de tudo, de um património privado que a família fez sempre questão de preservar e, portanto, damos todo o nosso apoio técnico e político a esta intervenção, que é muito importante para a política de salvaguarda do património”, sublinhou.
Um monumento nacional que “faz parte da história” do concelho de Mangualde, defendeu o presidente da Câmara Municipal, Marco Almeida, considerando a visita de “importante e produtiva”.
“Há razões para olharmos para o futuro com confiança, há razões para acreditarmos que vai haver aqui uma requalificação, que vai haver aqui uma intervenção e, por isso, não só a família pode estar satisfeita com esta visita, reunião, mas também o concelho de Mangualde”, destacou.
Marco Almeida disse aos jornalistas que o desejo é ter “o monumento aberto em condições dentro do menor tempo possível”, mas reconheceu que “isso não depende só do município, que tem vontade”, mas também “dependerá do papel” das entidades parceiras.
O Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, erigido em 1173, por D. Soeiro Teodoniz, privilegiado do rei D. Afonso Henriques, pertenceu inicialmente à ordem Beneditina para ingressar na de Cister.
Situado em Vila Garcia, na freguesia de Fornos de Maceira Dão, junto ao rio, no monumento “são visíveis as várias fases” da sua construção – “a torre é do século XII e o edifício monacal e os claustros são do século XVII, sendo a igreja elíptica do século XVIII”, referiu, durante a visita, Joana Hörster.
“Em cerca de 1960, o meu bisavô comprou a quinta em hasta pública e a partir daí, os herdeiros” foram comprando, à medida das possibilidades, terras adjacentes”, mantendo o mosteiro, “na medida do possível. A família já telhou duas vezes o mosteiro e foi fazendo reparações pontuais, para evitar a degradação”, contou Joana Hörster.
Arquiteta e representante dos proprietários, entre eles a mãe, Joana Hörster explicou que, desde que foi classificado como monumento nacional “houve muito mais constrangimentos para fazer intervenções”.
“Ficámos muito mais dependentes dos pareceres do Estado e entrámos numa fase de degradação que agora, finalmente e felizmente, estamos a inverter. Tenho de estar [otimista], porque já são muitos anos de avanços e recuos e não é sempre fácil lidar com isto”.
Mas os últimos anos e esta visita de hoje Joana Hörster “otimista”.
As intervenções que decorrem no imóvel foram apoiadas, em 425 mil euros, pelo programa europeu PT2020, e resultam de um protocolo assinado em julho de 2019 por todas as entidades que hoje marcaram presença na visita.
O encontro contou também com a presidente da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, Isabel Damasceno, e da diretora da Direção Regional da Cultura do Centro, Suzana Menezes.
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