Peças de arte religiosa que atualmente estão em casas e capelas particulares vão, durante o ano de 2022, ser mostradas no Museu de Arte Sacra de Viseu, anunciou o Departamento dos Bens Culturais da diocese.
“Esta iniciativa tem por objetivo colocar em presença as peças que atualmente fazem parte de casas e capelas particulares e, ainda que algumas delas possam ter vindo de instituições religiosas, outras foram mesmo fruto de encomenda de particulares para as suas residências”, explicou o departamento, em comunicado.
O objetivo é mostrar a importância que estas peças de arte “assumiram na vivência da fé em ambiente privado, numa perspetiva de proximidade e de pertença que favoreciam e favorecem o sentimento de proteção acrescida e da proximidade de Cristo, da Virgem e dos santos”, acrescentou.
Segundo o Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu, estas peças são “testemunhos da fé vivida em privado, do gosto de rezar de forma mais intimista, mais do que o reflexo de um gosto pelo colecionismo”, que transitam na família “de geração em geração, o que lhes imputa uma carga afetiva e leva à sua preservação”.
“A aquisição de peças de arte religiosa para a vivência privada está intimamente associada ao universo das devoções pelas quais a família ou algum elemento da família tem especial afeto”, explicou a fonte, referindo que são recorrentes “as presenças das imagens de Cristo crucificado e de Nossa Senhora”.
A escolha das imagens de determinados santos “será justificada pela devoção particular, pelo especial fervor religioso para com o santo invocado e considerado especial intercessor junto de Deus”, acrescentou.
Com a periodicidade de dois meses, serão apresentados grupos de peças de arte religiosa privadas, sendo as duas primeiras propriedade de Albertina Vaz Silva Pires e de Helena Maria Vaz da Silva Marques de Coimbra.
O Departamento dos Bens Culturais avançou que uma delas é uma escultura de Santo António, “que se converte num micro oratório portátil, do século XVI, cuja configuração e policromia são expressivas da produção resultante dos encontros culturais entre europeus e asiáticos”.
A outra peça é um crucifixo de assento do século XVI-XVII, “que tem a particularidade de associar à inscrição I.N.R.J. (Jesus, o Nazareno, o rei dos judeus) a inscrição que nos remete para o nascimento de Cristo, I.M.I. (Jesus, Maria, José)”, acrescentou.
O departamento referiu ainda que, juntamente com estas peças, estará “uma pintura contemporânea do pintor viseense Rui Costa, também com a iconografia de Cristo crucificado, colocando o visitante em presença de peças com a mesma temática, mas com linguagens claramente distintas, fruto da evolução das propostas artísticas, que a Igreja soube e deve continuar a acompanhar”.
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