Está em vigor no concelho de São Pedro do Sul o novo Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, para 10 anos, com um investimento superior a 34 milhões de euros
“Este novo plano é uma atualização do anterior, mas feito numa base muito mais sólida, muito mais consistente, tendo em atenção estes últimos 20 anos de incêndios florestais que atravessaram o concelho”, explicou o vereador do planeamento do Território e das Florestas.
António Casais adiantou à agência Lusa que “os técnicos da Câmara analisaram exaustivamente todos os incêndios dos últimos 20 anos, porque para projetar o futuro é preciso conhecer o passado, e também incidiu sobre uma nova carta de ocupação do solo de 2018”.
“Quisemos fazer um documento bem estruturado que nos dê algum conforto, seja a este executivo ou a outros que venham, para durante os próximos 10 anos poderem ter ferramentas para conseguirem lutar pela conservação do nosso concelho”, defendeu.
Este plano “assentou em algumas premissas diferentes do plano anterior e tem a ver com uma nova carta de perigosidade e uma nova carta de riscos de incêndio” e “estima um investimento, ao longo dos 10 anos, superior a 34 milhões de euros”.
“Um investimento muito significativo, quer por parte do município, cerca de 50% do total, quer pelas restantes entidades envolvidas e os particulares que têm de fazer as faixas de gestão de combustível ao redor dos aglomerados habitacionais”, sublinhou.
António Casais adiantou que o Plano Municipal de Defesa da Floresta e contra Incêndios assenta em “cinco eixos estratégicos e muito importantes” para a “salvaguarda de um concelho de serra, mas também de pessoas”.
O primeiro é o “aumento da resiliência do território aos incêndios florestais, ou seja, é a gestão do combustível, os pontos de água, a limpeza e a conservação destes territórios e a proteção das populações com redes de combate a incêndios”.
“O segundo é a redução da incidência de fogos, ou seja, a redução da matéria que possa vir a provocar grandes alcances em caso de fogo e aqui pode incluir-se o aumento dos tanques de apoio ao combate, dos pontos de água, as limpezas do mato”, explicitou.
Já o terceiro, indicou o autarca, “é a melhoria da eficácia do ataque e da gestão de incêndios, ou seja, às vezes a eficácia do ataque depara-se com a falta de acessos e então aqui inclui-se a criação de acessos e de meios para que rapidamente toda a proteção civil possa chegar ao incêndio”.
Neste vetor “inclui-se a aquisição de uma viatura, por parte da Câmara, com meios próprios, que está a ser ultimada para estar operacional nesta próxima época florestal”.
A viatura “tem capacidade para transportar cerca de 10 mil litros de água e tem uma versatilidade grande, porque não é exclusiva para o combate, também dará apoio ao abastecimento de água de populações”, detalhou.
O quarto eixo estratégico relaciona-se com “a recuperação e reabilitação dos ecossistemas, ou seja, é o pós incêndio”, uma vez que “há a necessidade de reflorestar as áreas ardidas e a reorganização da floresta” e “muitas destas áreas, ardendo uma segunda vez, já não há geração espontânea que venha repor as zonas de pinheiro e de outras espécies”.
“Defendemos a plantação de espécies autóctones como o carvalho e o medronheiro, e o próprio pinheiro, como áreas muito definidas e estratégias para fazer o combate”, salientou, considerando que “o eucalipto tem de ser semeado em zonas muito bem definidas, com muito ordenamento, para que se possa fazer um combate sério e responsável”.
O último eixo refere-se à “adaptação de uma estrutura orgânica funcional e eficaz, ou seja, o município tem de estar, permanentemente, em posse dos elementos que contribuam para a gestão da proteção civil e, “se possível, tentar antever problemas para que possam ser evitados”.
António Casais disse ainda que, apesar de ser para 10 anos, este plano, “que compila muita informação, deve ser atualizado constantemente” e “se houver algum incêndio muito grave, possivelmente, o plano terá de ser ajustado”.
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