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Pedro Machado da Turismo Centro de Portugal

Turismo Centro de Portugal: Plano é “de um Governo à defesa” para “pura e simplesmente” gerir verbas

O presidente do Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, lamentou que o país tenha um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “de um Governo à defesa”, para “pura e simplesmente” gerir as verbas comunitárias pós-crise da covid-19.

“Estamos perante um PRR de um Governo à defesa, quando devíamos ter um PRR de um Governo em contra-ataque”, disse Pedro Machado à agência Lusa.

Na sua opinião, o PRR que está em consulta pública será “pura e simplesmente para gerir o dinheiro que vem para fazer face à recuperação do aparelho do Estado nas suas mais diversas áreas”, como mobilidade, transição digital, serviços continuados e de saúde.

“Não estamos a apostar na captação de novos investimentos e naquilo que deveria ser a reconversão de muitos modelos de negócio”, afirmou.

Pedro Machado questionou o que, por exemplo, acontecerá “aos hotéis fantasma e ao conjunto de equipamentos que nos próximos dois anos vão estar sem movimento, praticamente sem negócio”, um pouco por todo o país.

“Já percebemos que estamos com taxas reduzidas. Temos taxas de ocupação até 10% em Fátima, por exemplo, e a questão que se coloca é o que é que vai acontecer a estes edifícios”, frisou.

Isto porque, segundo o responsável do Turismo Centro de Portugal, “muitos deles ainda não estão habilitados para poderem acudir a esta ambição para as alterações climáticas, para a eficiência energética, para a economia circular”.

“Não há nenhuma informação válida que nos permita vislumbrar que estamos no caminho de podermos contra-atacar aquilo que é uma inevitabilidade de algum colapso que a economia, muitos operadores e muitos `stakeholders` (grupos de interesse) vão ter no curto prazo”, acrescentou.

No entender de Pedro Machado, trata-se de “um plano que defende demasiado a estatização do programa, isto é, reforça em demasia o papel do Estado versus o que deveriam ser as dinâmicas da sociedade civil e da criação de riqueza e da captação de investimento”.

Além disso, é também “demasiado ancorado na resolução dos problemas das duas grandes áreas metropolitanas, Lisboa e Porto”, criticou.

Ainda que realmente existam bolsas de pobreza nestas áreas metropolitanas, o responsável alertou que também “há bolsas de pobreza que podem advir do facto de se ter cessado a atividade turística em Portugal, na região Centro e nas outras regiões”.

Por isso, mostrou-se preocupado com “este défice enorme de medidas concretas para marcar o arranque da economia, sobretudo ao nível das pequenas e médias empresas e das microempresas”.

Para Pedro Machado, seria fundamental ter em conta o que considera ser uma inevitabilidade: “a recuperação e reconversão de modelos de negócio, por força desta pandemia e de muitos processos de insolvência já anunciados”.

Com pessoas a irem para o desemprego, será preciso “encontrar novos modelos não só de capacitação, mas de ajustamento e adaptação para os tempos difíceis que estão a chegar”, sublinhou, avisando que “não vão ser apenas as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa que vão ter este défice” e que haverá “riscos de pobreza espalhados por todo o território”, que é preciso ter em conta no plano de resiliência.

Pedro Machado criticou também o PRR no que respeita à coesão territorial, referindo que, a esse nível, o que aparece “é essencialmente a bacia hidrográfica do Algarve, a barragem do Pisão e o cadastro dos territórios”.

“Coesão é mais do que isto. Não fica claro que as empresas que vão poder resistir em territórios de baixa densidade e em territórios a necessitar da coesão possam ter mecanismos ou instrumentos financeiros que lhes permitam suprir esta crise”, considerou.

No que respeita à transição climática, Pedro Machado lamentou que, por exemplo, não haja “uma palavra sobre a modernização e eletrificação da linha do Oeste, que devia ter começado a sua requalificação em 2018”.

“Nas energias renováveis, aparece mais uma vez o apoio à produção energética dos edifícios, à estratégia nacional para o hidrogénio. E o mar? E a economia azul?”, questionou o responsável.

Na sua opinião, esta seria uma oportunidade para o porto da Figueira da Foz “se poder constituir num novo dínamo motriz para esta economia regional, podendo abrir a novas áreas para o escoamento de produtos”.

O PRR de Portugal prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

 

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