O director da Associação de Solidariedade Social de Farminhão (ASSF), em Viseu, nega qualquer acusação de vacinação indevida contra a covid-19 naquela Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). “Todos os que foram vacinados são prioritários e de risco”, assegura Duarte Coelho.
A Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu esta segunda-feira uma denúncia dando conta de que pessoas que, não pertencendo a nenhum grupo prioritário, foram inoculadas.
A OE do Centro já apresentou queixa ao Ministério da Saúde, condenando as denúncias de atropelos aos critérios de vacinação que têm recebido. Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da secção do Centro da OE apela aos colegas de profissão que estão a trabalhar nas brigadas de vacinação “para que se recusem à vacinação sempre que detectarem irregularidades dentro dos grupos prioritários”.
Ricardo Correia de Matos pede ainda uma “moldura criminal agravada para quem viola o plano de vacinação”, uma vez que, sustenta, as pessoas que são vacinadas de forma irregular passam por cima de profissionais de saúde que estão na linha da frente do combate à pandemia e a “necessitar da imunidade que a vacina garante”.
Em causa está a administração (na Unidade de Cuidados Continuados de Farminhão, uma valência da ASSF) da vacina contra a covid-19 a pessoas não prioritárias, como é o caso de três dirigentes da associação e ainda quatro colaboradores, que receberam a primeira dose a 18 de Janeiro.
Ao PÚBLICO, o director da ASSF (74 anos), admite ter incluído na lista de vacinação enviada à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro não só o seu nome, mas também o do tesoureiro (65 anos) e do vogal (74 anos), justificando que são “dirigentes activos” e que “atendendo à idade, [são também] pessoas de risco”.
Duarte Coelho diz ter seguido a orientação da Confederação Nacional das Instituições Solidárias (CNIS), justificando que “a prioridade na vacinação deve ser dada, primeiro aos utentes, segundo aos colaboradores trabalhadores, e, em terceiro, a pessoas que estão em contacto directo com utentes ou trabalhadores da instituição – dirigentes activos”.
Além dos três dirigentes, foram ainda vacinadas quatro pessoas que não estavam incluídas na lista enviada à DGS: a vice-presidente (filha do director); a responsável da cozinha (esposa do director); a psicóloga do lar, que também colabora nos cuidados continuados; e o presidente da Assembleia Geral. “Houve, no final da vacinação, quatro doses que sobraram e para não desperdiçar foram vacinadas pessoas de risco. Nas sobras, tivemos critério e prioridade ao escolher”, assegura.
A vacinação incluiu 30 utentes e cerca de 25 colaboradores da Unidade de Continuados, confirma Duarte Coelho ao PÚBLICO.
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