Três pessoas das cerca de 10 que a Associação Social, Cultural e Espiritualista de Viseu apoia com refeições quentes “não estão a ser ajudadas”, devido às “restrições” impostas pela pandemia, disse uma responsável da instituição.
“A pandemia dificultou a nossa ajuda, porque os sem-abrigo, muitas vezes, não querem ser ajudados” e, então, não dizem onde dormem e “simplesmente deixámos de os ver para lhes dar uma refeição quente ao fim de semana”, contou Diana Costeira.
Diana Costeira é uma das responsáveis da Associação Social, Cultural e Espiritualista de Viseu (ASCEV), que desde 2005 ajuda sem-abrigo na cidade e que, nos últimos anos, o apoio tem sido “só com alimentação”.
“Atualmente estamos a ajudar, ao fim de semana, cerca de 10 pessoas e, destas, há umas três que sabemos que não têm residência ou quarto, dormem em alguma casa abandonada ou carro, mas não sabemos onde”, adiantou.
Isto, porque, explicou, “nem todos querem ser ajudados, porque para serem ajudados têm de cumprir regras e nem todos querem cumpri-las” e, com as restrições ao fim de semana de circulação, “as pessoas saíram da rua” e não recebem a refeição.
“Nós íamos ao encontro deles junto dos estacionamentos, porque ajudam a arrumar carros, mas sem movimento eles não estão lá e estão nos seus abrigos”, cujo local a associação desconhece, contou.
A responsável explicou que os restantes cidadãos que recebem a comida quente ao domingo, vivem em quartos alugados pela Segurança Social.
“Um dos casos conhecidos na cidade é de um cidadão estrangeiro que deve dormir nas imediações do novo Tribunal, anda sempre pela Avenida da Europa e junto ao supermercado, mas esse não quer ser ajudado e não há como nós lhe levarmos nada”, lamentou.
Diana Costeira lembrou o tempo em que a ASCEV tinha uma casa abrigo onde chegou a acolher “alguns sem-abrigo, inclusive dois conseguiram recuperar e voltaram à vida ativa na sociedade com trabalho e rendimentos mensais”.
“Mas a casa era de uma voluntária nossa, que precisou dela (…). Tentámos recuperar uma antiga residência de estudantes que está ao abandono, para criar um albergue, porque até já tinha todas as condições para isso, mas nunca conseguimos, porque isso também não é possível sem a ajuda do Estado”, disse.
Esse apoio “nunca chegou e o projeto ficou parado, porque nunca foi dada uma resposta ao projeto” enviado para as instituições do Estado, embora a ASCEV recebesse pedidos de ajuda dessas instituições, concluiu.
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