Alunos de famílias de classe média, que antes participavam em campanhas de solidariedade, são agora quem precisa dessa ajuda e algumas escolas receiam não conseguir acudir a todos.
Os efeitos da crise económica provocada pela pandemia de covid-19 começam a notar-se nas escolas, segundo relatos de directores escolares.
Nas salas de aula ou nos recreios, os professores e funcionários sinalizam cada vez mais casos de dificuldades financeiras. Entre os alunos repetem-se as histórias de familiares atirados para o desemprego.
“Já não são as tradicionais famílias que estão em dificuldades. A classe média também está a passar mal”, revelou o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos de Escolas Públicas.
Manuel Pereira director do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto, em Cinfães, que ofereceu mais de 50 cabazes de Natal aos seus alunos. Mas Manuel Pereira lembrou que, nas escolas, as acções de solidariedade não têm “época” nem prazo de validade. Acontecem durante todo o ano.
Dão-se refeições que não estavam contempladas, fazem-se campanhas de recolha de material escolar, de roupa e até de brinquedos. É um trabalho silencioso, contínuo, só reconhecido pela comunidade escolar.
Desde Março, quando começou o confinamento, o trabalho não tem parado. Nas escolas de Cinfães, por exemplo, realizaram-se três campanhas ao longo do ano. Resultado: à casa dos alunos chegaram alimentos como arroz, massa, azeite, leite, pão ou cereais, contou o director.
Naquela vila da zona de Viseu, as escolas trabalham em colaboração com a autarquia que é avisada quando surge um caso de carência económica. As autoridades locais passam a garantir cabazes de alimentos a essas famílias, explicou Manuel Pereira.
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