Uma equipa multidisciplinar vai, durante cerca de um ano, trabalhar junto de espaços de divertimento noturno da cidade de Viseu, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar dos seus frequentadores.
O projeto Be Safe, visa “a redução de riscos e a diminuição de danos” associados às práticas sexuais e ao consumo de substâncias psicoativas, explicou a sua coordenadora técnica, Andreia Nisa.
“É uma resposta que tem uma visão humanista e pragmática, porque reconhece que há pessoas que consomem substâncias psicoativas, sejam elas lícitas ou ilícitas, e que o vão continuar a fazer”, explicou, acrescentando que tal “não quer dizer que não estejam dispostas a cuidar da sua saúde e da saúde dos que as rodeiam”.
Promovido pela associação Existências (sediada em Coimbra), em parceria com o Instituto Piaget, este projeto vai desenvolver-se sobretudo junto de espaços de recreação noturna das zonas de Jugueiros e da Sé (onde há maior concentração de bares e discotecas), por uma equipa que inclui jovens com formação em Psicologia, Química e Enfermagem.
“A intervenção de proximidade, a intervenção ‘online’, a formação e a investigação são as nossas linhas fortes de ação”, frisou a responsável.
O projeto tem onze ações previstas, que vão desde a instalação de um stand nos festivais, discotecas, bares e eventos de rua (Be out), até um estudo exploratório (Be Safe at Night), passando pela intervenção ‘online’ (Be On), pela formação (Be Form) e por ações destinadas especificamente a jovens e jovens adultos que esporadicamente bebem de forma excessiva (Being Drinking) e à população feminina (Be Women).
Segundo Andreia Nisa, o stand poderá ter várias vertentes: um espaço de descanso, tampões auditivos, ‘kits de sniff’, testes de alcoolemia, preservativos e lubrificantes e informações sobre substâncias e sexualidade.
“Será adaptado ao local onde se encontra e à população em que iremos intervir. Pode haver um sítio que tem só um serviço e outro que tem todos os serviços”, explicou, acrescentando que estão previstas duas saídas por semana, uma mais virada para a população universitária e outra para a população da cidade.
O estudo exploratório era inicialmente para abordar temas como o sentimento de segurança individual, a segurança nos espaços de festa e o sentimento de inclusão e exclusão na noite de Viseu, mas, devido à pandemia de covid-19, isso só acontecerá daqui a um ano.
“Este ano vamos ver como é que a covid-19 alterou, ou não, os contextos festivos de Viseu e o consumo de substâncias psicoativas”, afirmou Andreia Nisa.
A responsável disse ainda que, daqui a um ano, realizar-se-á um seminário para apresentar as conclusões deste estudo exploratório, refletir com outros parceiros e encontrar estratégias a aplicar futuramente.
“Os tempos são desafiantes, mas o facto de não deixarmos de o fazer mostra que o caminho existe e que o futuro vai ser a retoma da nossa vida”, considerou o secretário-geral do Instituto Piaget, Rui Tomás.
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