O presidente da Câmara Municipal de Castro Daire disse hoje à agência Lusa que valida e apoia a decisão do Governo de avançar com uma cerca sanitária no concelho, uma vez que a pandemia está a ter “contornos bastante alarmantes”.
Somos da opinião que são necessárias medidas, não de sensibilização e de recomendação, mas medidas que imponham regra e ordem nas pessoas. E, nesse sentido, colocámos em cima da mesa e estamos de acordo com a aplicação de medidas restritivas no nosso concelho, nomeadamente com a questão da cerca sanitária”, explicou Paulo Almeida.
O presidente da Câmara Municipal de Castro Daire disse à agência Lusa que a decisão surgiu na sequência de reuniões, desde a noite de quarta-feira, com comissão da proteção civil, “tendo em conta a subida dos números de infetados”.
“Não depende da nossa decisão, mas essa é a nossa vontade. A decisão compete ao Governo e, numa estreita colaboração entre as várias entidades, a autarquia fez essa solicitação, juntamente com a Autoridade Local da Saúde, para esta imposição de medidas restritivas, nomeadamente a cerca sanitária. É a nossa vontade”, reforçou.
Paulo Almeida acrescentou que “a Autoridade Local de Saúde tem de enviar um relatório, mas tem o conforto do município e da comissão da proteção civil a validar e apoiar essa decisão”.
Paulo Almeida contou que hoje “parecia um dia normalíssimo no fluxo de pessoas nas ruas”.
“E isso é evidentemente uma extrema preocupação, porque a única forma de evitar a propagação é evitar o contacto social. E com tanta gente na rua, a preocupação é grande” para o executivo municipal.
“Eu sei que o cordão vai originar o encerramento de várias coisas, como empresas, serviços, se for como na lógica de Ovar. Mas é preciso aplicar medidas mais restritivas para evitar a propagação” da pandemia, defendeu.
A diretora-geral da Saúde afirmou hoje que “está a ser equacionado” um cordão sanitário ao município de Castro Daire, distrito de Viseu, pelo elevado número de casos registados de covid-19.
Na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia realizada hoje, Graça Freitas afirmou que o novo cordão sanitário “está, de facto, a ser equacionado, em articulação entre as autoridades de saúde, as autoridades municipais e o mecanismo de proteção civil”.
A responsável indicou que a autoridade de saúde regional fez uma “avaliação de riscos” e que, em conjunto com a câmara municipal, que coordena a proteção civil no concelho, “vão fazer uma proposta superior, que será entregue à ministra da Saúde e depois será entregue a quem tem esta tutela”.
“Em qualquer momento, remeteremos para a senhora ministra, que depois fará seguir”, referiu Graça Freitas depois de questionada sobre o número de casos confirmados no concelho, que atinge 65, com 140 pessoas a aguardarem resultados.
Na quarta-feira à noite eram, nas contas de Paulo Almeida, “64 e, às 18:30 de hoje, já são 72 casos em a juntar a isso, há casos em várias unidades de terceira idade, como lares e também espalhados” por todo o concelho.
“Adicionando ainda o facto de, em alguns desses casos, já não se perceber qual é a origem e isso deixa-nos uma preocupação extrema, até porque com essa informação já estamos a entrar na fase de transmissão comunitária ativa, já se transmite de uma forma quase natural”, adiantou.
“O ponto de situação, neste momento, é bastante complicado”, assumiu.
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