Lusinde, uma pequena aldeia do concelho de Penalva do Castelo com cerca de 200 habitantes, vai ter uma associação cultural que tem como objetivo diminuir o sentimento de isolamento da população e recuperar algumas tradições.
A ideia da associação surgiu da inquietação que eu sentia por ver as coisas a perderem vida e as dinâmicas e as tradições a desaparecerem, uma realidade que é transversal a muitas aldeias do interior”, disse à agência Lusa Carlos Rodrigues, que cresceu na aldeia, viveu uns anos fora por motivos profissionais e entretanto regressou.
Segundo Carlos Rodrigues, tal como outras aldeias do interior do país, Lusinde tem sentido o fenómeno de desertificação e envelhecimento da população.
“As pessoas estão mais velhas e isolam-se mais em casa. A criação da associação pode fazer com que as pessoas voltem para a rua, pelo menos quando está tempo bom”, frisou o responsável, sublinhando a importância de reforçar o sentimento de comunidade.
Neste âmbito, em conjunto com um grupo de pessoas empenhadas em dinamizar a aldeia, há quatro ou cinco meses começou a desenhar a Eira — Associação Multidisciplinar.
O objetivo é não só promover eventos culturais de música, cinema ou teatro, mas também “algumas atividades com que as pessoas se possam identificar mais e que tenham a ver com as tradições da aldeia”, explicou.
Malhar o milho, cantares típicos ou atirar cântaras de barro no Carnaval são exemplos de algumas tradições que se perderam nesta pequena aldeia de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu.
“As pessoas têm pena que estas coisas tenham desaparecido e falam com saudade, mas não há uma dinâmica para que elas voltem”, referiu Carlos Rodrigues.
O nome da associação prende-se com a intenção de as suas atividades serem, acima de tudo, momentos de convívio entre os habitantes da terra, mas que também atraiam pessoas de fora.
“A eira era um lugar onde as pessoas se juntavam para tratar dos cereais e conversarem. Era um ponto de encontro”, frisou.
Comente este artigo