A associação Quercus está preocupada com alegadas descargas poluentes na ribeira que atravessa Dardavaz e no rio Criz, no concelho de Tondela, que segundo a Quercus, são provenientes da Zona Industrial Municipal (ZIM) da Adiça.
Em comunicado, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza conta que foi alertada por populares para a existência de descargas poluentes.
“As águas residuais contaminadas estão identificadas como sendo provenientes de algumas indústrias da Zona Industrial da Adiça, em Tondela. Este atentado ambiental resultante de descargas tóxicas dura há mais de 20 anos e tem-se vindo a agravar nos últimos anos”, refere a Quercus.
Segundo a associação, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Zona Industrial da Adiça “não faz o devido tratamento químico dos seus afluentes, estando a descarregar as águas poluídas para um local próximo do rio Criz”.
Estes resíduos “confluem para o curso dos rios Criz e Dão, da barragem da Aguieira e do Rio Mondego”.
Contactada pela agência Lusa, fonte do município de Tondela referiu que “a alegada poluição na ribeira que atravessa a povoação de Dardavaz não está relacionada com o funcionamento da ETAR da Adiça, pois o efluente após tratamento é descarregado a jusante”.
“Uma vez que a rede de águas pluviais da Zona Industrial da Adiça descarrega na Ribeira de Dardavaz, junto à ETAR da ZIM da Adiça, tem gerado incorretas interpretações, levando a crer que tal terá origem no deficiente funcionamento da ETAR”, refere o comunicado da Quercus.
Segundo a mesma fonte, após algumas inspeções à rede de esgotos e rede de águas pluviais de toda a zona industrial, em articulação com a Agência Portuguesa do Ambiente e o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, “foi detetada uma ligação na rede de águas pluviais de uma das empresas, que obrigou a que a empresa fizesse uma correção”.
O município lamenta que, “independentemente do envolvimento das diferentes entidades nestas ações conjuntas de fiscalização e sensibilização, e apesar de avanços significativos, ainda se registem alguns problemas na referida linha de água, os quais trazem um impacto negativo”.
Na opinião da Quercus, “esta situação é preocupante do ponto de vista da saúde pública, uma vez que existem captações de água para consumo humano a jusante do foco de poluição”.
O “elevado impacto negativo nos ecossistemas ribeirinhos e envolventes, afetando a fauna e a flora de valor singular na região”, é outra das preocupações, refere a Quercus.
“Depois das denúncias feitas às entidades responsáveis ao longo dos anos, não houve ainda a resolução do problema ambiental grave”, lamenta a associação ambientalista.
No que respeita ao funcionamento da ETAR, a fonte da autarquia explicou à Lusa que “está dimensionada para tratar as águas residuais industriais, contemplando o tratamento físico químico”, sendo o efluente da ETAR ZIM da Adiça “objeto de análises regulares no quadro do seu autocontrolo”.
Os resultados evidenciaram “uma melhoria ao longo do tempo no seu funcionamento”, sublinhou, acrescentando que, “dos 27 parâmetros analisados, apenas três ainda não se encontram dentro dos valores de referência”.
Dada a diversidade dos diferentes caudais das unidades industriais instaladas na ZIM, que são mais de 30, “e para garantir a existência de recursos técnicos adequados à complexidade do sistema de tratamento da ETAR”, o município optou pela contratualização de serviços externos.
Segundo a mesma fonte, “no último ano foram investidos cerca de 30 mil euros em equipamentos e reagentes, com o objetivo continuar a melhorar o desempenho do sistema de tratamento” e, “apesar de ainda não serem os resultados pretendidos, já se registam melhorias inegáveis”.
O município está empenhado “na melhoria e resolução dos problemas que surgem diariamente, com o objetivo de assegurar a preservação dos ecossistemas e o bem-estar dos munícipes”, acrescentou fonte da câmara de Tondela.
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