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Museu Grão Vasco em Viseu tem “forte capacidade” para atrair espanhóis

Um estudo feito pelo Instituto Universitário de Lisboa ao público do Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, apresentado hoje, refere que o espaço recebe visitantes de várias regiões do país e tem uma “forte capacidade” para atrair espanhóis.

“Os resultados mostram que este museu tem uma capacidade forte de atrair espanhóis e isso é uma característica muito específica deste museu, no conjunto de outros museus, onde os franceses são a nacionalidade mais representada”, revelou o coordenador científico do estudo.

José Soares Neves, professor e investigador no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), que realizou o estudo em parceria com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), coordenou uma equipa que disponibilizou um inquérito para o público preencher após a visita em 14 museus nacionais entre 03 de dezembro de 2014 e 02 de dezembro de 2015.

“Tem, por um lado, públicos qualificados e, por outro, tem capacidade de atrair públicos que não residem nas proximidades, como da região norte e de Lisboa, com um público maioritariamente nacional, e com capacidade forte e diversa para outras nacionalidades”, sintetizou.

No Museu Nacional Grão Vasco (MNGV) foram validados 1.278 questionários, a cidadãos com idade igual ou superior a 15 anos, sendo que deste número, 68% foram respondidos por cidadãos portugueses.

A diretora do MNGV não se mostrou espantada pela proximidade com a Espanha e disse ser “usual referir, meio a brincar, meio a sério, que o museu é mais visitado por madrilenos do que por algarvios”.

“O facto de ter a A25 [autoestrada 25] a ligar diretamente a Espanha faz com que o público do país vizinho esteja mais próximo de Viseu e visite com mais frequência esta região do país, tendo em conta os acessos. Isto é uma espécie de uma ilha, neste território, e temos de intensificar pontes de cultura para o vasto território que nos rodeia, quer em Espanha ou em Portugal”, declarou Odete Paiva.

Entre os vários dados apresentados destaca-se também o facto de o museu ser visitado, maioritariamente, por casais e por jovens portugueses, e, entre os visitantes estrangeiros, é maioritariamente visto por uma geração mais velha.

O facto dos portugueses com mais idade não visitarem o museu surpreendeu a diretora que admitiu a necessidade de “trabalhar de seguida para atrair esse tipo de público e pensar numa série de atividades que sejam atrativas para este público sénior”.

“Os museus podem parecer que são para uma elite, mas, não, eles devem ser visitados por todos. Esse é um dos desafios que temos pela frente”, disse, apontando, ainda, como aspetos importantes perceber a área de influência e, assim, para onde o museu tem de trabalhar a comunicação.

Um terceiro aspeto é a questão da ausência de sinalética. o inquérito revelou que mais de metade dos visitantes não fez consulta prévia sobre o museu, o que, no entender de José Soares Neves, pode significar que “pode ter sido visitado por casualidade, por quem se dirigiu ao centro histórico [de Viseu] e descobriu que ali havia um museu”.

“Foi apontado como um aspeto muito deficitário. Precisamos de melhorar a sinalética, assim como os acessos, que me preocupam, mas que não posso fazer nada e aqui terei de, naturalmente, partilhar esta preocupação com a autarquia e esperar que haja colaboração neste aspeto”, reconheceu Odete Paiva.

Um último ponto que foi registado como menos bom no estudo de feito em 2015 relaciona-se com a questão da informação dentro do museu se limitar à língua portuguesa.

Contudo, segundo a diretora, “atualmente há uma evolução, uma vez que dois dos três pisos já se encontram com informação bilingue” e o objetivo é no próximo ano estar em todo o museu.

Lusa

 

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