Não seduziu idosos, não os agrediu, nem os burlou. Foram os próprios que quiseram pagar-lhe dívidas e outras despesas. Em resumo, foi o que Fernanda Costa, de 44 anos, declarou esta quarta-feira ao tribunal de Viseu, onde está a ser julgada por burlar pelo menos quatro idosos franceses, que terão ficado sem cerca de 350 mil euros.
Acusados também estão o marido, de 49 anos, o filho de 23 anos e um amigo francês de 64 anos.
Depois de uma das vítimas, Daniel Lascourreges, ter prestado depoimento, Fernanda Costa informou que queria prestar declarações ao coletivo de juízes, depois de três idosos terem prestado depoimento.
A arguida contou que, ao contrário da acusação do Ministério Público e do que as vítimas relataram, ela não colocou qualquer anúncio na internet, mas sim os idosos.
“Daniel dizia que procurava uma pessoa amiga para conversar e amigos para a esposa [que estava numa cadeira de rodas]. Eu respondi ao anúncio”, assegurou. Depois de se ter encontrado em França com Daniel, este vendeu a casa e veio com a mulher e com Fernanda para Viseu.
“O Daniel sabia que eu tinha marido, que vivíamos na mesma casa, mas tínhamos vidas separadas”, relatou, confirmando ter mantido um relacionamento sexual com o francês de 81 anos.
Ao tribunal, Daniel contou ter ficado sem documentos, cartões de crédito e as chaves do apartamento para onde foi viver, tendo chegado a passar fome. Relatou que fugiu com a ajuda de uma funcionária e o pai desta.
Fernanda Costa negou tudo e chegou a dizer que Daniel passou a ter relações sexuais com a funcionária.
Contou que, a pedido de Daniel, acompanhou-o para abrir uma conta bancária , que lhe entregou um cartão com o código e que a autorizou a movimentar cheques. “O que Daniel queria era que me libertasse das dívidas , nunca colocou obstáculos ou limites. Ele queria era ver-me bem e ter-me à sua disposição”, afirmou.
Durante o depoimento, Daniel confirmou que a maioria dos movimentos foram feitos com autorização.
Em relação às outras vítimas, explicou que também as conheceu depois de ter respondido a anúncios que colocaram na internet à procura de uma companheira. Negou ter agredido um deles e garantiu que usou os cartões bancários com a autorização dos titulares, que lhe deram os códigos.
A carteira de uma das vítimas foi encontrada pela PJ num dos escritórios das duas vivendas geminadas de Fernanda Costa, que explicou que estava lá guardada por serem divisões seguras já que as portas só abrem com as impressões digitais da arguida.
Fernanda Costa, assegurou que nunca disse chamar-se “Charlotte”, sendo apenas o nome que consta num endereço de email. Admitiu apenas que em alguns casos disse que o marido era um irmão “por razões de segurança” , uma vez que não conhecia bem os homens que se deslocaram a Viseu para a conhecer.
Fernanda Costa que tem duas vivendas na urbanização Vilabeira, em Viseu, cada uma avaliada em mais de 300 mil euros, contou que foram pagas por uma pessoa “muito rica” com quem se relacionou.
Ao longo da sessão houve alguns detalhes que disse não se recordar. “Depois de dois anos do estabelecimento prisional estou em choque”, justificou.
JN
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