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Cava de Viriato em Viseu está a ser digitalizada com a ajuda de drones

A Cava de Viriato, uma construção em terra que forma um octógono com dois quilómetros de extensão situada em Viseu e que é um enigma para os arqueólogos, está a ser alvo de uma operação de digitalização inédita.

Com a ajuda de drones, está a ser realizado “um ortofotomapa de muita alta resolução”, que possibilitará criar um modelo digital da superfície e do terreno deste património viseense e monumento nacional (desde 1910) e do seu espaço envolvente.

“Não abrimos mão de uma agenda de investigação sistemática sobre a Cava de Viriato, que permanece como o mistério maior da arqueologia nacional”, disse à agência Lusa o vereador da Cultura e do Património da Câmara de Viseu, Jorge Sobrado.

O vereador lembrou que um dos principais objetivos da segunda fase do programa municipal Viseu Património “é aprofundar uma agenda de investigação” sobre a Cava de Viriato.

“É um património muito importante na construção da história da cidade de Viseu, mas que mantém escondidas e silenciosas muitas informações sobre a sua origem e a sua autoria”, referiu.

Com a informação produzida na sequência da operação de hoje, espera-se “uma melhor compreensão da estrutura do monumento e uma identificação de eventuais estruturas ou contextos antigos que possam estar ainda soterrados” e que poderão merecer uma futura escavação.

Segundo Jorge Sobrado, “a cobertura total do levantamento será de 90 hectares”.

Ao longo dos anos, foram apontadas várias hipóteses sobre a Cava de Viriato, como ter sido um acampamento romano ou uma estrutura militar árabe. A tese mais recente sugere que o monumento foi construído durante a ocupação cristã dos séculos IX e X e que poderá corresponder a um projeto de uma nova cidade de poder.

“A sua monumentalidade e a sua singularidade justificam plenamente a prioridade de investigação e valorização que lhe conferimos neste programa municipal”, referiu Jorge Sobrado.

Na sua opinião, “qualquer aproximação à sua verdade será uma conquista e um estímulo”.

A tecnologia digital que está a ser usada permitirá criar imagens de alta resolução da superfície e das estruturas existentes, a realização de análises fisiográficas e cálculo de volumes, como cobertos florestais, pedreiras, aterros, edificações urbanas, lotes agrários, entre outras estruturas.

“A Cava de Viriato é ainda hoje um desafio para a investigação, por não haver provas inequívocas da época em que foi construída, nem da função que terá desempenhado na sua origem”, sublinhou Catarina Tente, que tem investigado este monumento e coordena o programa municipal Viseu Património.

Catarina Tente referiu que “esta iniciativa é mais um passo no sentido de lançar uma luz rigorosa sobre a sua história, mas também sobre a importante história de Viseu”.

A segunda fase do Viseu Património é coordenada por Catarina Tente, no âmbito de um protocolo de cooperação científica e técnica com o Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo a investigadora, a Cava de Viriato “é um monumento único, enigmático, que mais nenhuma cidade do país, nem do resto da Península Ibérica, tem”, mas que necessita de ser melhor conhecido.

Cada lado do octógono da Cava de Viriato tem em média 270 metros (pelo lado exterior), o que totaliza um perímetro de cerca de 2.160 metros. Esta estrutura foi construída escavando um fosso até aos níveis freáticos e usando a terra removida para fazer a muralha, que atingiria cerca de sete metros.

 

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