Dois anos volvidos sobre a inauguração da Adega da Taboadella, no concelho de Sátão, região demarcada do Dão, chega ao mercado a primeira gama de vinhos de perfil clássico. Isto no momento em que a casa produtora de vinhos anuncia para breve a abertura do seu enoturismo.
Os maciços montanhosos das beiras, onde prepondera a Serra da Estrela, protegem as encostas da Taboadella no Vale do Pereiro e do Sequeiro, localizada a mais de 400 metros de altitude. A adega de 2500 metros quadrados, foi projetada pelo arquiteto Carlos Castanheira, oferecendo uma capacidade de vinificação para perto de 300 mil litros por vindima. Conta, ainda como uma “Wine House” e verá inaugurado em breve um projeto de enoturismo.
Quem visita a adega compreende a precisão da vinificação por gravidade ao atravessar o “Barrel Top Walk”, um passadiço em madeira construído em altura sobre a sala das barricas. As duas naves (vinificação e barricas) foram concebidas para manter o equilíbrio entre luz e sombra, permitindo apenas a entrada de luz natural necessária para criar o ambiente e a temperatura ideal.
Os revestimentos em madeira e cortiça assumem uma posição relevante neste projeto, onde a vinha tradicional não é regada em 25 parcelas em modo de produção integrada e uma densidade média de 3500 plantas por hectare.
O coração da Taboadella encontra-se nas castas antigas e nas videiras-mãe: Jaen, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Pinheira na origem de novas estacas, contribuindo para o encepamento original, provenientes de videiras muito resistentes e adaptadas ao lugar.
Nos anos 1980, a vinha foi parcialmente replantada, introduzindo-se novas castas como a Tinta Roriz e o Encruzado, o Cerceal-Branco e o Bical. Hoje, a idade média das videiras é de 30 anos.
A propósito da adega da Taboadella, Luisa Amorim, administradora no Grupo Amorim, salienta que “há 20 anos que estamos no Douro com a Quinta Nova de Nossa Senhora mas nunca escondemos que tínhamos pelo Dão uma grande admiração. É uma região clássica de vinhos em Portugal e a primeira a ser demarcada para vinhos não licorosos, e foi aqui nesta região vizinha do Douro que encontrámos este território de altitude detentor de solos de granito e microterroirs de excelência”.
Já no que respeita aos vinhos Taboadella, Luisa Amorim salienta que “para desenhar os rótulos inspirámo-nos muito na alma deste lugar com o designer Eduardo Aires. Aqui descobrimos uma villae que ainda hoje preserva um dos lagares de vinho mais antigos do Dão, uma peça única de natureza rupestre que foi moldada pelos romanos. Começamos pelo nome, Villae. Estes são vinhos mais leves, de castas tradicionais brancas e tintas da vinha da Taboadella, com taninos suaves sem nunca perder o seu caráter. Em regiões clássicas como Dão onde a casta tem elevado destaque, parecia-nos fundamental enaltecer as castas endémicas e decidimos por isso criar uma gama de quatro reservas monovarietais: Encruzado, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen. Por fim, surgem os Grande Villae, vinhos de estrutura clássica”.
No que toca ao Enoturismo da Taboadella projetado pela arquiteta Ana Vale, “ficará completo em breve com a recuperação da casa principal, com oito quartos, que estará disponível para alugar em regime de exclusividade e para estadas mínimas de duas noites”.
Aberta diariamente, está sempre a “Wine House” junto ao jardim e ao pequeno lago, onde o visitante poderá marcar uma visita à adega, fazer uma prova de vinhos acompanhada por uma tábua dos queijos Serra da Estrela ou conhecer as obras de arte dos ceramistas da região e alguns produtos regionais como o cobertor de papa e delícias
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