Trabalhadores da Brintons – Indústria de Alcatifas, Lda, situada em Vouzela, mostraram-se ontem preocupados com o possível encerramento desta fábrica, na sequência da desmontagem dos teares mais eficazes, que serão enviados para a Índia.
“Metade dos trabalhadores já estão há muito tempo em ‘lay off’ e agora tivemos a notícia de que vão levar os melhores teares que temos para a unidade de produção da Índia”, disse à agência Lusa Maria Isabel Almeida, que trabalha na empresa há quase 25 anos.
Os receios de Maria Isabel Almeida são partilhados pelo seu colega André Monteiro: “A venda dos teares pode ser o princípio do fim desta empresa. São os quatro mais importantes, os mais eficazes, os que produziam mais. Não compreendemos o que se passa”.
A União dos Sindicatos de Viseu promoveu ontem à tarde uma concentração em frente às instalações da empresa, onde foi colocada uma faixa com a inscrição: “Os teares são dos trabalhadores! Vendam o que é vosso!”
A coordenadora da Federação dos Sindicatos Têxteis, Vestuário e Calçado de Portugal (FESETE), Isabel Tavares, disse aos jornalistas que, há cerca de dois anos, a empresa tinha mais de 200 trabalhadores e, neste momento, tem 90, estando metade a produzir e a outra metade em ‘lay off’.
Neste período, saíram da empresa cerca de cem trabalhadores: “alguns por acordo, outros porque terminou o contrato e não foi renovado e outros porque, por sua iniciativa, perante a instabilidade, encontraram soluções melhores”.
A coordenadora da FESETE disse que “há preocupações porque os trabalhadores estão a ver equipamentos a sair da empresa”, ou seja, há “sinais de que a instabilidade está presente e de que o futuro é complicado”.
Ontem, os sindicalistas estiveram reunidos com os responsáveis da empresa, mas, segundo Isabel Tavares, o resultado foi “uma mão cheia de nada no que diz respeito às perspetivas de futuro”.
“A empresa diz que, à data de hoje, não tem nada para dizer de concreto e objetivo quanto ao futuro dos 45 trabalhadores que estão a produzir e dos 45 que estão em ‘lay off’ (que termina no início de abril)”, contou, acrescentando que “as preocupações ainda cresceram mais com esta reunião”.
No seu entender, a pandemia de covid-19 já não pode ser dada como justificação, até porque o que se verifica no setor é “acréscimo de encomendas, retoma da atividade na plenitude, recurso ao trabalho extraordinário, procura de trabalhadores”.
“O que estão a fazer é a desmantelar quatro dos melhores teares que têm na produção, dos 32 que têm dentro da empresa”, lamentou.
A FESETE promete fazer tudo o que estiver ao seu alcance “para impedir a delapidação de património, que pode ser fundamental se o desfecho for negativo para os trabalhadores, ou seja, o encerramento”.
Contactada pela Lusa, fonte da empresa disse não ter comentários a fazer.
A Brintons – Indústria de Alcatifas, Lda é uma empresa do grupo Brintons Limited, que se dedica à produção de carpetes/alcatifas para instalações e locais de prestígio como cadeias internacionais de hotéis, navios, casinos, aeroportos, centros comerciais e cinemas.
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