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Tribunal julga 20 arguidos por tráfico de droga na região Centro

O Tribunal de Coimbra começa a julgar na sexta-feira, na Faculdade de Direito, 20 arguidos de diferentes grupos que se dedicavam ao tráfico de droga, sobretudo a revendedores, em toda a região Centro.

A acusação, a que a agência Lusa teve acesso, identifica cinco grupos que se dedicavam ao tráfico de droga, sobretudo cocaína e heroína, em diferentes zonas da região Centro, alguns deles fornecedores de outros, vendendo estupefacientes sobretudo a outros revendedores, entre 2017 e 2019.

Os grupos tinham diferentes dimensões de abrangência geográfica e abordavam diferentes distritos da região, mas todos vendiam droga em “grande número a consumidores e revendedores”, não sendo determinada essa mesma quantidade ou o dinheiro resultante do tráfico, apesar de terem sido identificados dezenas de momentos de compra e venda de estupefacientes, refere o despacho do Ministério Público.

Quase todos os grupos eram liderados por casais, sendo identificado um que tinha uma área de atuação que ia da Figueira da Foz até Viseu e Lamego, outro que se dedicava na zona do Peso da Régua, um no Pinhal Interior, outro em todo o litoral da região Centro, da Serra d’El Rei até à Praia de Mira, e um último que trabalhava sobretudo no interior, em concelhos do distrito da Guarda, Coimbra, Castelo Branco e Viseu.

O primeiro grupo identificado na acusação, liderado por um casal de 40 e 38 anos a morar em Coimbra, teria fornecedor no Norte, em Famalicão, e dedicava-se sobretudo à distribuição por revendedores, nomeadamente na Figueira da Foz, Viseu, Seia, Peso da Régua e Lamego.

O casal, que tinha a colaboração de um outro indivíduo que traficava droga em Viseu, vendia também na sua casa, em Coimbra, nos bairros do Ingote e da Rosa, e ainda eram os fornecedores de um casal que se dedicava à venda no Peso da Régua e a outro casal que se ocupava do tráfico de droga na zona do Pinhal Interior, nomeadamente em Vila Nova de Poiares, Lousã, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande, entre outras localidades.

Este último casal, com operações localizadas numa aldeia serrana da Lousã, contava com vários elementos que ajudavam na revenda, sendo que um dos colaboradores, consumidor de cocaína, atuava “como empregado do casal”, quer no âmbito doméstico, fazendo compras e lavando a roupa, quer no tráfico, sendo também uma espécie de motorista do principal responsável, que estava proibido de conduzir veículos durante 22 meses.

Este grupo, apesar de ser fornecido pelo casal de Coimbra, tinha como seu principal fornecedor um homem, que apesar de estar preso em Paços de Ferreira, geria o negócio a partir da cadeia, sendo também ele arguido no processo.

Foi numa paragem numa estação de serviço na Mealhada, numa viagem de regresso de um desses fornecimentos no Norte do país, que os inspetores da PJ tentaram fazer a detenção.

Os arguidos levavam com eles o neto de uma mulher que pertencia ao grupo para “dar a entender que era uma viagem de família”.

Os inspetores abordaram os suspeitos quando a criança foi à casa de banho, sendo que nessa altura, o ‘motorista’ e o responsável do grupo abalroaram a viatura da PJ e tentaram ir contra os inspetores, sem sucesso.

Ato contínuo, os arguidos colocaram-se em fuga, deixando a criança para trás e acabaram por conseguir escapar às autoridades nesse dia.

Já o grupo da zona do Oeste, um casal com residência nas Caldas da Rainha e dois irmãos de Peniche, vendia, sobretudo cocaína e heroína, em todo o litoral, indo da Serra D’El Rei e Atouguia da Baleia, até Leiria, Figueira da Foz ou Praia de Mira.

Privilegiando plataformas digitais para fazer os contactos, estes arguidos eram fornecedores de um outro casal presente no processo, a morar em Seia, e que também “vendia em grande quantidade” droga em concelhos como Seia, Covilhã, Nelas, Carregal do Sal ou Oliveira do Hospital.

Cinco dos 20 arguidos já foram condenados várias vezes por tráfico de droga.

Três estão em prisão preventiva e dois em prisão domiciliária.

O julgamento vai decorrer na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, por forma a cumprir as regras de distanciamento necessárias face à pandemia, devido ao número elevado de arguidos e advogados presentes no processo.

 

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