Sete dos 13 suspeitos detidos por furto a residências e estabelecimentos comerciais em praticamente todo o país, numa megaoperação realizada na terça-feira, ficaram em prisão preventiva por determinação do tribunal de Viseu, anunciou hoje a GNR.
A operação, realizada no distrito do Porto pelo Comando Territorial de Viseu, através do seu Núcleo de Investigação Criminal (NIC) com o apoio das estruturas de investigação criminal dos Comandos Territoriais de Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Porto e Viana do Castelo, envolveu outras valências da GNR e teve ainda a colaboração da PSP, Autoridade Tributária e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, num total de cerca de 300 operacionais.
Em declarações hoje à agência Lusa, o tenente-coronel Adriano Resende, oficial de Relações Públicas do Comando Territorial de Viseu de GNR, explicou que dos 15 detidos na operação – 11 homens e quatro mulheres com idades entre os 22 e 56 anos – 13 estão relacionados com o processo principal, tendo sete ficado em prisão preventiva a aguardar julgamento.
Há ainda um 14.º suspeito que não foi detido por, alegadamente, se encontrar ausente do país.
Os restantes seis detidos ficaram obrigados a apresentações periódicas às autoridades, estando três deles ainda proibidos de estabeleceram contactos entre si e de se ausentarem das suas áreas de residência.
Outras 14 pessoas, sete homens e sete mulheres, com idades compreendidas entre os 36 e os 85 anos, foram constituídas arguidas no âmbito do mesmo processo.
Os dois restantes detidos, apanhados “em flagrante delito na posse de droga e posse ilegal de arma”, foram constituídos arguidos e libertados, seguindo esse processo para inquérito autónomo.
A investigação, iniciada há cerca de um ano em Viseu, após três furtos em residências, estendeu-se nos concelhos de Gondomar, Maia, Matosinhos, Paços de Ferreira, Penafiel, Porto, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia, estando em causa outros crimes como furtos em estabelecimentos comerciais e furto de veículos, posse ilegal de arma, recetação, falsificação de documentos, ofensas à integridade física, burla, tráfico de armas e tráfico de estupefacientes, explicou, em comunicado, a GNR de Viseu.
“Os militares da Guarda apuraram que os suspeitos atuavam em grupo, com laços familiares, de forma altamente móvel e com elevada precisão e planeamento, dedicando-se ao furto em todo o território continental”, referiu a GNR.
Ainda de acordo com a GNR, há referência à prática de crimes em 15 distritos (Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Guarda, Leiria, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu), “perfazendo um total de 57 furtos em residências e 94 furtos em estabelecimentos, para além daqueles que, pela prova agora recolhida, possam vir a ser imputados aos suspeitos”.
Segundo a GNR, a operação “culminou com o cumprimento de 18 mandados de busca domiciliária e 17 mandados de busca não domiciliária”, tendo sido apreendidos três veículos de alta cilindrada, 1,2 quilogramas (kg) de ouro em penhor, 1,1 kg de “ouro vivo, ainda não contabilizado totalmente” bem como dois fornos destinados à fundição do ouro.
Entre outro material, foram ainda aprendidas centenas de peças de roupa e 32 relógios “de várias marcas conceituadas”, pulseiras, brincos e anéis, 52 equipamentos informáticos e eletrónicos, uma espingarda caçadeira calibre 12mm, uma arma de ar comprimido, diversas munições, cerca de 40 doses de haxixe, duas notas falsas de 50 euros e 35.150 euros em numerário.
Em declarações anteriores à Lusa, o tenente-coronel Resende afirmou que, apesar da investigação se ter iniciado em Viseu, no decorrer da mesma foi possível conhecer a sua dimensão nacional.
“Estamos a falar de um grupo de cerca de 30 pessoas com ligações familiares e entre famílias que sinalizam as residências, aquelas que são mais isoladas, rondam-nas e quando se apercebem que têm oportunidade de entrar acabam por fazer o furto e retirar tudo o que é de valor e fácil de dissimular e transportar, nomeadamente ouro e dinheiro”, relatou.
Nos estabelecimentos comerciais, os suspeitos, de uma forma dissimulada, no corpo ou através de sacos com proteção para não ser detetado nos alarmes, furtavam bens em lojas de roupa, de desporto, por exemplo, roupas com valor”, observou o oficial da GNR.
Depois, estes bens eram introduzidos no mercado, “através de vendas ‘online’ e através de estabelecimentos próprios para o assunto”.
“Chegaram a furtar também alimentação, e estou a falar em artigos como picanha, bacalhau, salmão, camarão, produtos com valor que depois eram introduzidos no mercado através de estabelecimentos de restauração”, acrescentou.
Lusa
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