Luta dos trabalhadores da fábrica de automóveis contra a bolsa de horas em vigor começou em junho com a realização de greve aos turnos de sábado.
A greve dos trabalhadores da PSA Mangualde terminou hoje, com o fim do ano, confirmou à agência Lusa o sindicato que tem agora expectativa de dialogar com a administração no sentido de negociar a bolsa de horas. “Já que a empresa diz que não negoceia com grevistas (…), então, em concordância com os colegas da comissão sindical e com outros dirigentes que fazem parte do executivo decidimos terminar, por agora, a greve que termina no final do ano e mostrar alguma abertura”, admitiu representante do Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Norte (SITE CN).
Telmo Reis, também trabalhador na PSA Mangualde, contou que “agora, sem qualquer luta pelo meio, e no mês de janeiro”, o sindicato vai “tentar chegar a um diálogo com eles [administração], ver o que é que eles estão abertos a fazer” no sentido de “melhorar ou acabar com a bolsa de horas” em vigor até ao último trimestre de 2020.
“Nós gostávamos de negociar antes dela acabar, melhorar as condições. Em Vigo, por exemplo, são descontadas 10 a 12 horas na bolsa de horas e ainda são pagas as restantes horas, são pagas mais seis horas, o que perfaz um total de 100%. Em Portugal, aqui em Mangualde, é troca por troca”, contou.
A luta dos trabalhadores da fábrica de automóveis contra a bolsa de horas em vigor começou em junho com a realização de greve aos turnos de sábado que começou com uma adesão na ordem dos 40% e “depois foi diminuindo ligeiramente, devido a pressões por parte da chefia, devido a alguns cortes a nível salarial”.
Neste sentido, Telmo Reis contou que o sindicato apresentou queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e esta “levantou dois autos, porque deu razão ao sindicato” em dois pontos.
“Um por violação do descanso das jornadas de trabalho, porque havia trabalhadores a saírem às 23:00 e a darem entrada às 07:00, para que a fábrica não parasse, e não parou, mas cometeram a ilegalidade de não cumprirem com as 11 horas de descanso que estão estipuladas por lei”, adiantou.
E o segundo auto, continuou este responsável, “é pelo não pagamento dos proporcionais do prémio de assiduidade aos trabalhadores grevistas”, ou seja, “os trabalhadores cumpriram sempre com as 40 horas semanais de trabalho”, explicou, “os turnos de sábado eram horas extras e a empresa cortou sobre o vencimento dos trabalhadores”.
“A ação foi apresentada à empresa e a empresa recusa-se a acatar as “ordens” da ACT que passam pela reposição de parte do prémio de presença e, como a empresa não acatou esta decisão, a ACT levantou um processo contra a PSA Mangualde e deverá haver julgamento em março”, adiantou.
Telmo Reis disse acreditar que vão “conseguir dialogar com a administração já em janeiro” e que o “diálogo pode dar bons resultados” se não, “futuramente, vão ser analisados os contornos que isto terá e se não tiver os contornos desejados ou se não houver abertura por parte da empresa”, assumiu que “a luta voltará”.
A agência Lusa tentou contactar a administração da PSA Mangualde que remeteu para o final desta semana uma reação, tendo em conta que nos últimos dias do ano a fábrica esteve com uma paragem de produção.
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