Meia centena de trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Viseu concentrou-se hoje e exigiu a melhoria dos salários e das condições de trabalho, considerando que, nos últimos anos, os seus direitos têm sido reduzidos.
No jardim em frente à sede da instituição, os trabalhadores gritaram frases que resumem as suas reivindicações: “lutar, lutar, lutar, até os salários aumentar”, “queremos novos salários na Misericórdia de Viseu” e “diuturnidades para já e sem demora”.
Para hoje foi convocada uma greve a todo o período do trabalho que, segundo Afonso Figueiredo, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro, está a ter uma adesão de 100%, sendo cumpridos apenas os serviços mínimos.
O dirigente sindical disse aos jornalistas que “80% dos trabalhadores ao serviço da Misericórdia de Viseu auferem apenas o salário mínimo nacional”, o que entendem ser “uma situação insustentável e que tem de ser revista”.
Os trabalhadores querem também a valorização da antiguidade, porque aqueles que trabalham “há 30 anos ou há 30 dias auferem precisamente o mesmo valor, o salário mínimo nacional”, acrescentou.
Afonso Figueiredo considerou que, ao longo dos últimos anos, os trabalhadores têm visto os seus direitos reduzidos, porque “perderam a majoração nas férias, dos 23 para os 22 dias”, e “viram reduzido o pagamento do acréscimo do trabalho em dia de feriado de 100% para 50%”.
O caderno reivindicativo apresentado à Santa Casa da Misericórdia de Viseu em novembro de 2018 previa aumentos salariais de 40 euros, a implementação de diuturnidades, 25 dias de férias e a melhoria das condições de trabalho.
No entanto, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, Adelino Costa, “manifestou-se indisponível para negociar esta proposta e os trabalhadores não aceitam esta posição”, contou Afonso Figueiredo.
O dirigente sindical disse aos jornalistas que os trabalhadores hoje concentrados são essencialmente da Residência Rainha D. Leonor e do infantário Nossa Senhora de Fátima, mas que os restantes também se reveem na proposta.
“Se a Misericórdia não se sentar para, em conjunto, encontrarmos soluções, os trabalhadores vão convocar novas formas de luta”, garantiu.
A revolta de Fernanda Fernandes, que trabalha há 24 anos na Residência Rainha D. Leonor, resulta do facto de “nem o senhor provedor, nem a direção, darem valor às funcionárias que têm”.
“A nossa indignação é estarmos todas no mesmo patamar”, disse, por seu turno, Rute Cálice, que trabalha há 16 anos na residência e defende que os salários deviam ser aumentados “principalmente às pessoas mais velhas”, que ensinam as que vão chegando e levam “o barco para a frente”.
Adelino Costa admitiu aos jornalistas a justeza da greve, porque os trabalhadores “ganham pouco”.
No entanto, lembrou que existe um contrato coletivo aprovado na sequência de negociações entre a União das Misericórdias e as centrais sindicais.
“Não consideramos justo que agora um sindicato que faz parte de uma das centrais sindicais venha, por si só, pedir novas reivindicações, com situações verdadeiramente inaceitáveis”, afirmou.
Segundo o provedor, essas reivindicações “poriam em causa a sustentabilidade da instituição”.
“Não é possível pedir indiscriminadamente para todos os trabalhadores um valor como é uma das propostas, aumentar o número de férias, reduzir o número de horas, considerar diuturnidades, num contexto que os trabalhadores sabem difícil”, frisou.
Lusa
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