O grupo Amorim concluiu no final da semana passada o contrato de aquisição da Quinta da Taboadela, uma propriedade no concelho de Sátão, freguesia de Silvã de Cima, com 50 hectares de vinha.
A notícia de o grupo líder mundial no negócio da cortiça, em adquirir o empreendimento foi avançada pela rádio Alive Fm a 19 de abril, na altura o presidente da câmara de Sátão, Paulo Santos, salientou que este investimento vai impulsionar o turismo, o emprego e a economia do concelho de Sátão.
O autarca de Sátão diz que o grupo Amorim prevê fazer obras nas instalações da adega da quinta da Taboadela, o objetivo é promover o setor turístico.
A remodelação prevista no edifício, apresentada à câmara de Sátão, vai promover ao mesmo tempo o vinho produzido na Quinta da Taboadela, com a promoção de eventos e o turismo, aliado a uma paisagem integrada na Região do Dão, salienta o autarca Paulo Santos.
Depois de consolidar o negócio no vinho no Douro, a família Amorim constatou a necessidade de avançar com “um novo projeto” e a região do Dão apareceu como o destino natural dessa ambição.
“O Dão é uma região clássica de vinhos em Portugal, começa agora a ser vista de forma diferente no mercado internacional, sendo esta a altura certa para investir”, salienta Luísa Amorim, directora executiva da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, a empresa que opera no Douro.
A Quinta da Taboadela é uma propriedade que aparece em registos antigos da região. Era propriedade de uma família local que não tinha o negócio do vinho como o eixo principal da sua actividade. Chegou a vender vinhos com marca própria, mas a maior parte da sua produção era comercializada a granel ou em formatos com menos valor acrescentado.
A sociedade que a detinha entrou entretanto em insolvência e o negócio do grupo Amorim teve de passar pela negociação com o tribunal. O valor final da aquisição da propriedade rondou 1,1 milhões de euros.
Com vinhas em zonas altas, entre os 400 e os 520 metros (condição para a produção de vinhos com um perfil mais fresco e elegante), a Taboadela “parece-me a França”, diz Luísa Amorim. Quando a Quinta Nova, no Douro, começou a acelerar o seu crescimento, um processo que em dez anos elevou o volume de comercialização de 200 mil para 500 mil garrafas, Luísa Amorim começou a procurar vinhas no Dão capazes de alavancar um novo projecto.
“Foi há cinco ou seis anos, mas, na altura, não encontrámos aquilo que andávamos a procurar”, diz a gestora – na região é difícil encontrar manchas de vinha com esta dimensão. A Taboadela, acrescenta, é o lugar ideal e o momento oportuno. “Daqui a cinco ou seis anos será muito mais difícil porque o Dão está a mudar”, explica.
Nos 50 hectares de vinhedos há castas tradicionais da região com as quais a equipa de enologia e viticultura (Jorge Alves e Ana Mota) querem trabalhar. Mas vai haver mudanças. Por exemplo, a área dedicada à casta Encruzado, uma história de sucesso do Dão com menos de 30 anos, vai aumentar. “Este ano, a vindima será ainda experimental e não sabemos se vamos, ou não, lançar vinhos com a marca da casa. O projecto avançará a sério em 2020”, diz Luísa Amorim. Para lá de mudanças na vinha, estão previstos também investimentos na construção de uma adega moderna.
No ano passado, a empresa facturou 4,1 milhões de euros, cabendo 1,1 milhões à componente turística.
Mantendo o seu actual ritmo de crescimento, o projecto do Douro deixará em breve de contemplar o aumento das vendas para apostar apenas no valor acrescentado. “Não queremos ultrapassar a produção das 600 ou 700 mil garrafas”, diz Luísa Amorim. Uma estratégia que ajuda a explicar a aposta no Dão.
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